Deputado brasileiro vandaliza quadro sobre genocídio negro - TVI

Deputado brasileiro vandaliza quadro sobre genocídio negro

  • AM
  • 20 nov 2019, 09:09
Coronel Tadeu

Coronel Tadeu, do Partido social Liberal, destruiu a peça intitulada "o genocídio da população negra" e que mostra o desenho de um agente da polícia com uma arma de fogo na mão, enquanto que um jovem se encontrava caído no chão

Um deputado brasileiro do Partido social Liberal (PSL), ex-formação política do presidente do país, Jair Bolsonaro, causou polémica na terça-feira ao vandalizar um quadro numa exposição que celebra o Dia Nacional da Consciência Negra.

O quadro destruído pelo deputado federal Coronel Tadeu, intitulado "o genocídio da população negra", exibia o desenho de um agente da polícia com uma arma de fogo na mão, enquanto um jovem se encontra caído no chão.

A peça fazia parte de uma exposição sediada na Câmara dos Deputados, em Brasília, denominada "(Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras", e cujo intuito é mostrar a resistência da população negra na história do país sul-americano.

A atitude do deputado gerou críticas da oposição ao longo do dia.

"Racismo é um crime inafiançável! Quero repudiar com veemência a postura adotada pelo deputado Coronel Tadeu (PSL) agredindo e rasgando um cartaz da exposição sobre a Consciência Negra. Racismo é crime previsto na Constituição. Vamos levar este caso ao Conselho de Ética", afirmou no Twitter o deputado do Partido dos Trabalhadores (PT) e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da câmara baixa parlamentar, Hélder Salomão.

A deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), informou que vai recorrer ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

"O crime de racismo é inafiançável. Esses crimes precisam ser cada vez mais denunciados, porque há intolerância. O deputado não tolerou, não suportou, aí é que os crimes acontecem", declarou Jandira, citada no 'site' da Câmara dos Deputados.

Já no Twitter, a política do Partido Comunista declarou que o ato de Tadeu "é um reforço do racismo institucional".

Também a ex-candidata às presidenciais brasileiras Marina Silva condenou os atos do Coronel, pedindo igualmente a atuação do conselho de ética.

Contudo, houve quem defendesse a atitude do deputado do PSL, como o seu colega de partido Daniel Silveira, também ele conhecido por quebrar um placa em homenagem à vereadora do Rio de Janaeiro Marielle Franco, assassinada a tiro no ano passado.

"É evidente que mais negros morrem. Eu tive o prazer e o desprazer de operar em todas as favelas do estado do Rio de Janeiro. Lá tem mais negros com armas, tem mais negros a cometer crimes, mais negros confrontando a polícia, e mais negros morrem", declarou o deputado.

Jandira Feghali lamentou no Twitter a afirmação de Daniel Silveira, frisando que esta ocorreu no mesmo dia em que um agente da polícia foi acusado da morte de menina de 8 anos no Rio de Janeiro, devido a um "erro de execução", tendo alvejado a criança quando tentava acertar em dois homens que não teriam respeitado um bloqueio policial.

De acordo com o Instituto de Segurança Pública, entre janeiro e agosto, 1.249 pessoas foram mortas por intervenção policial apenas no Rio de Janeiro.

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro, tendo sido criado em 2003, e instituído feriado em cerca de mil cidades brasileiras.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE