Milhares de visons mortos estão a aparecer à superfície das valas onde foram enterrados - TVI

Milhares de visons mortos estão a aparecer à superfície das valas onde foram enterrados

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 27 nov 2020, 11:15

Com a entrada dos corpos em decomposição, a libertação de gases fez com que alguns destes animais estejam a ser puxados para a superfície

Milhares de visons mortos estão a aparecer à superfície das valas onde foram enterrados, depois de as autoridades na Dinamarca terem morto milhões de exemplares da espécie que tinha contraído uma mutação genética da covid-19. Agora, com a entrada dos corpos em decomposição, a libertação de gases faz com que alguns destes animais estejam a ser puxados para a superfície.

Conforme os seus corpos se decompõem, podem formar-se gases. Isso causa que todo o corpo do animal se expanda um pouco. Assim, nos piores casos, os visons podem ser empurrados para a superfície”, explicou Thomas Kristensen, porta-voz da polícia dinamarquesa, em declarações à estação DR.

O fenómeno teve lugar num campo militar em Holstebro, na região da Jutelândia, onde milhares destes animais foram enterrados em valas pouco profundas, cobertas por uma camada de terra fina com menos de um metro de profundidade. A solução foi colocar mais terra por cima das valas.

Este é um processo natural”, afirmou o porta-voz da polícia. “Infelizmente, um metro de solo não é simplesmente um metro de solo – depende também do tipo de solo em questão. O problema é que o solo arenoso da região é demasiado leve. Portanto, tivemos de colocar mais solo em cima das valas.”

Para além da situação macabra, os meios de comunicação locais levantam sérias preocupações com o facto de os animais terem sido enterrados demasiado perto de reservas de água subterrâneas, correndo o risco de poder contaminar reservas de água potável.

As autoridades estão a brincar com o nosso meio ambiente, e estão a usá-lo como se de um aterro se tratasse”, afirmou o político local, Leif Brogger, citado pelo jornal britânico The Guardian.

A gestão desta crise sanitária tem valido inúmeras críticas ao governo dinamarquês. Recorde-se que primeira-ministra da Dinamarca fez, esta quinta-feira, uma aparição numa quinta de criação de martas, onde se mostrou visivelmente abalada com o abate dos animais. Mette Frederikson tem estado sob fogo após a decisão, que mais tarde admitiu ser ilegal, enfrentando agora uma moção de censura no parlamento.

Desde que a ordem foi dada no dia 4 de novembro, o executivo dinamarquês tem vivido dias altamente tumultuosos. Na semana passada, a ministra da Agricultura anunciou a sua demissão depois uma investigação interna ter posto em causa as suas medidas para combater a covid-19.

Entretanto, a Dinamarca já seguiu o exemplo dos Países Baixos que, em agosto passado, decretaram o fim da prática de criar martas para a indústria de peles naquele país, após o registo de vários focos de infeção pelo novo coronavírus em explorações dedicadas à criação destes pequenos mamíferos.

A criação de martas, ou visons, é a terceira maior fonte de exportação do país e é responsável pela produção de 40% das peles do mundo.

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