George Floyd: indignação contra racismo sobrepôs-se ao confinamento no desporto - TVI

George Floyd: indignação contra racismo sobrepôs-se ao confinamento no desporto

Mundo saiu à rua sem medo da covid-19 para gritar contra a discriminação racial. Desporto também não ficou em casa

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Depois de semanas a fio com o planeta confinado pela terrível pandemia da covid-19, o mesmo planeta saiu à rua de peito aberto para se insurgir contra o racismo. Duas lutas incompatíveis, mas a verdade é que a questão levantada por George Floyd sobrepôs-se ao medo da doença e o mundo, em vez de desinfetar, não se importou de dar as mãos para se insurgir contra a violência racial. Um movimento que também se fez notar no desporto.

A verdade é que um assunto quase abafou o outro. As imagens do assassinato de George Floyd percorreram o mundo e ganharam força com as últimas palavras do afro-americano: «I can’t breathe» [«Não consigo respirar»]. Um último suspiro que se transformou num slogan que sobrevoou Nova Iorque e que levou milhares de cidadãos a deixar o confinamento para sair à rua. Primeiro, dia após dia, em dezenas de cidades norte-americanas, mas depois o grito de indignação alastrou-se à Europa e ao resto do mundo.

A pandemia já prometia mudar o mundo, falava-se já num «novo normal», mas George Floyd também promete mudar consciências. É o assunto do dia a nível mundial. Não se fala noutra coisa, desde a autópsia que confirmou a morte por asfixia, à acusação de homicídio dos polícias envolvidos, a verdade é que as notícias despertaram o mundo para um problema antigo. Um problema a que o desporto também não é alheio.

As primeiras manifestações foram de indignação, mas também houve gritos de solidariedade. O antigo lutador campeão do mundo Floyd Mayweather anunciou desde logo que ia cobrir as despesas das cerimónias fúnebres de George Floyd, enquanto Michael Jordan, de novo na moda, depois da exibição do The Last Dance, doou 88 milhões para a luta pela igualdade racial. LeBron também não escondeu as lágrims para denunciar abusos raciais nos Estados Unidos, enquanto Stephen Curry e Klay Thompson, dos Warriors, também  juntam-se a protesto anti-racista. Os protestos também chegaram ao socccer, com o LA Galaxy a brescindir contrato com um jogador cuja mulher fez posts racistas. Lá está, as conciências a mudar.

De forma mais tímida e discreta, até porque a Europa deu mais importância à pandemia, a indignação também chegou ao futebol europeu. Os primeiros protestos foram dados de forma isolada. Denzel Dumfries, lateral do PSV Eindhoven, participou em protesto anti-racista e foi afastado da equipa, para segurança dos companheiros. Mas foi na Bundesliga, onde i futebol já foi retomado, que os protestos tiveram mais força. Weston McKenee, do Schalke, exibiu uma fita de homenagem a George Floyd, Jadon Sancho e Hakimi, do Borussia Dortmund, exibiram camisolas a pedir «justiça», enquanto Marcus Thuram, do Borussia Mönchengladbach também ajoelhou-se depois de marcar um golo.

A UEFA não costuma tolerar a exibição de mensagens políticas e a Budeskliga ainda equacionou a possibilidade de castigar os jogadores, mas a FIFA pediu «bom senso» e a liga alemã acabou por recuar nas suas intenções. Dos atos individuais, passámos aos átos coletivos. Ainda este sábado, os 22 jogadores do Borussia Dortmund e do Hertha Berlim ajoelharam-se no círculo central antes do início do jogo no Signal Iduna Park, como aliás já tinham feito os jogadores do Besiktas, ou o plantel da Roma de Paulo Fonseca, ou mesmo os campeões da Europa de J]urgen Klopp.

Em Portugal, o Belenenses também ajoelhou em solidariedade para com George Floyd, enquanto vários clubes e jogadores associaram-se ao movimento #BlackLivesMatter, com destaque para as publicações de Marega que também já foi vítima de racismo em Portugal. Já na manifestação de sábado, que preencheu as ruas de Lisboa, também contou com a participação de Micah Downs, basquetebolista do Benfica, que levou o filho às cavalitas

Mesmo com o futebol ainda confinado na maior parte do mundo, vários jogadores encontraram formas originais para se manifestarem contra o racismo, como foi o caso de Borje Inglesia, do Betis. Outros aproveitaram o fenómeno para chamar a atenção para problemas semelhantes nos respetivos país, como fez Everton Ribeiro, do Flamengo, no Brasil.

A verdade é que o racismo já uma luta antiga no desporto e, mesmo com a tolerância perto do zero, época a época vão surgindo casos, quase sempre das bancadas, a mostrar que não é a altura de baixar a guarda. A pandemia ia trazer um «novo normal», mas o caso de George Floyd também pode abrir «novas consciências».

 

 

 

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