Mortes de doentes com demência duplicam no pico da pandemia no Reino Unido - TVI

Mortes de doentes com demência duplicam no pico da pandemia no Reino Unido

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 30 jun 2020, 13:29

Falta de cuidados de saúde adequados e ausência de contacto humano são a grande preocupação. Mais de 25 mil doentes morreram nos primeiros meses do surto do novo coronavírus

As autoridades de saúde do Reino Unido registaram o dobro das mortes de doentes com demência no auge da pandemia no país, segundo dados revelados esta terça-feira. Mais de 25 mil doentes morreram nos primeiros meses do surto do novo coronavírus.

Embora muitos tenham perdido a vida devido ao vírus que causa a doença Covid-19, as autoridades temem que milhares de doentes com demência tenham morrido devido à falta de cuidados médicos adequados e à ausência de contacto humano.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística britânico, dados analisados pela Sociedade de Alzheimer mostram a existência de mais 13 mil óbitos do que o previsto para este período dentro do universo de pacientes com demência em Inglaterra e no País de Gales. Destes, de acordo com o órgão nacional, 8.570 doentes morreram de complicações resultantes da Covid-19 e 5.290 foram vítimas de “causas não reveladas”.

Em condições normais e segundo dados dos últimos cinco anos, o instituto revelou contar com a morte de 11,800 pacientes com demência durante março e abril.

Os números assumem uma dimensão trágica, num momento em que o governo de Boris Johnson tem sido múltiplas vezes acusado de falhar na proteção e segurança dentro das casas de repouso e lares.

No Reino Unido, cerca de 70% dos utentes de lares sofre de demência, uma doença cerebral que atinge 718 mil pessoas na Inglaterra e no País de Gales.

Houve uma perda de vidas devastadora. As evidências sugerem que pessoas com demência têm sido um dos grupos mais afetados pelo vírus, direta e indiretamente. É horrível. Pessoas com demência, as suas famílias e os prestadores de cuidados estão no olho da tempestade”, afirma.

O executivo britânico tem sido alvo de críticas em relação à gestão de recursos dos lares e casas de repouso. Várias instituições acusam o governo de falhas na garantia de equipamentos no início do surto pandémico, algo que poderia ter colocado um travão na disseminação do vírus no país.

Existe ainda a preocupação de que a política do sistema de saúde nacional de enviar pacientes hospitalares para casas de repouso possa acidentalmente ter resultado numa maior propagação da Covid-19.

O departamento de Cuidados de Saúde e Sociais britânico já reagiu à divulgação destes dados, afirmando que o governo “quer fazer do Reino Unido o melhor sítio do mundo para se viver com demência”. “Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para proteger os mais vulneráveis durante este tempo de pandemia”.

Continue a ler esta notícia