"Mundo está numa fase muito perigosa", alerta OMS - TVI

"Mundo está numa fase muito perigosa", alerta OMS

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  • 19 jun 2020, 18:34

Só na quinta-feira foram comunicados mais 150.000 novos casos de infeção, o valor mais elevado até agora. Organização diz que há muitas pessoas cansadas de ficar em casa e países a querer reabrir economias, mas o vírus "continua a ser transmitido de forma rápida e mortal"

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta sexta-feira, que a pandemia de Covid-19 está a acelerar e que o mundo não está livre de perigo, muitp pelo contrário.

Só na quinta-feira foram comunicados à OMS mais 150.000 novos casos de infeção, o valor mais elevado até agora. E deste total, “praticamente dois terços” tiveram origem no continente americano, com muitos casos também no sul da Ásia e no Médio Oriente, explicou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência de imprensa online, de balanço da doença, a partir da sede da organização, em Genebra.

O mundo está numa nova fase muito perigosa. Muitas pessoas estão muito cansadas de ficar em casa, os países querem reabrir as suas sociedades e economias, mas o vírus continua a ser transmitido de forma rápida, continua mortal, e as pessoas continuam expostas”, alertou.

A OMS pede, por isso, às pessoas e aos países para que continuem vigilantes e que se mantenham os princípios básicos do distanciamento físico, de se ficar em casa se houver suspeitas de doença, de se cobrir a boca e o nariz em caso de tosse ou espirro, de se usar máscara quando for necessário e de se higienizar as mãos.

Continuamos a pedir a todos países que se centrem nas medidas básicas, encontrar, isolar, testar e tratar os casos. E fazer o rastreamento de todos os contactos”, sublinhou.

Lembrando que no sábado se assinala o Dia Mundial dos Refugiados, o responsável máximo da OMS salientou que o novo coronavirus é um risco acrescido para povos mais vulneráveis, que estão mais suscetíveis ao vírus, já que têm acesso limitado a água e têm problemas de nutrição, além de os sistemas de saúde locais serem mais frágeis.

Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, cerca de 80% dos refugiados em todo o mundo e praticamente todos os deslocados estão em países de baixo ou médio rendimento.

A OMS, disse, está “muito preocupada” com o perigo de o vírus se disseminar em campos de refugiados.

Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, também presente na conferência de imprensa, partilhou da mesma preocupação, embora acrescentando que até agora não houve grandes surtos de Covid-19 em campos de refugiados.

O responsável disse que aumentou o número de deslocados no mundo nos últimos dois anos e que há 80 milhões de pessoas deslocadas, o que mostra “que 1% da humanidade vive hoje em situação de exílio forçado”.

E deixou ainda outro dado, ao lembrar que mais de 40% dos refugiados e deslocados tem menos de 18 anos.

A pandemia de Covid-19 já causou mais de 454 mil mortos e infetou mais de 8,5 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Ressurgimento de focos de infeções não são segunda vaga

O surgimento de novos focos de infeção, como o detetado recentemente num mercado grossista em Pequim, não significa necessariamente que esteja a surgir uma segunda vaga da pandemia, disseram hoje especialistas da OMS.

Por vezes há casos esporádicos que ao serem investigados levam a novos focos, em situações de eventos de contágio massivo ligados a concentrações em recintos fechados. Devem vigiar-se para evitar um segundo pico de infeção e voltar a ter de se recorrer a confinamentos”, explicou o diretor para as emergências em saúde, Mike Ryan.

Mike Ryan frisou que novos focos de contágio como os detetados na Alemanha, Singapura, China ou Coreia do Sul, entre outros países, “não são uma segunda vaga”, já que não estão associados a uma transmissão comunitária geral, a fase mais grave de uma epidemia.

Deve-se mostrar habilidade e rapidez no uso dos dados destes focos de contágio, tomar medidas de diagnóstico e seguimento dos casos, junto a outras de distanciamento físico, para fazer o máximo possível com um mínimo de interrupção da vida social”, assinalou.

O responsável da OMS acrescentou que quando se regista um novo aumento de casos depois de uma estabilização em baixa deve-se falar mais de “segundos surtos” do que de segundas vagas, o que não elimina o risco de haver ressurgimentos da pandemia no outono, ou mais tarde.

Não devemos surpreender-nos com um possível ressurgimento de casos, pois as pessoas ainda continuam em risco de contrair o vírus, e se este tiver oportunidade de regressar vai fazê-lo”, disse a responsável da OMS pelas novas doenças, Maria Van Kerkhove.

A especialista insistiu que os países devem levantar com cuidados as medidas de prevenção e reativá-las rapidamente se tal for necessário.

 

 

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