Espanha admite que "vai ficar gente" para trás no Afeganistão - TVI

Espanha admite que "vai ficar gente" para trás no Afeganistão

Preocupação do país vira-se para o salvamento de mulheres e crianças

Espanha está a ser uma das portas de entrada dos refugiados afegãos na Europa, mas a ministra da Defesa admite que algumas pessoas vão ficar para trás. Em entrevista à Cadena SER, Margarita Robles refere que desde quinta-feira está prevista a chegada de mais de 800 pessoas ao país, algumas delas ainda esta terça-feira.

Falando numa situação dramática, a governante refere uma postura cada vez mais agressiva por parte dos talibãs, que controlam praticamente todo o Afeganistão, nomeadamente Cabul, capital do país onde só se vislumbra alguma segurança na zona do aeroporto, fora do qual a espanhola diz não ser possível recolher ninguém, pelo menos de momento.

Ainda há colaboradores de Espanha no Afeganistão. Os talibãs estão cada vez mais agressivos, os controlos são mais duros. Vamos tirar todas as pessoas que for possível, mas tenho que colocar em valor o esforço das forças espanholas. Sem dúvida que vai ficar gente, mas não os vamos deixar", afirmou.

É o caso de alguns intérpretes que colaboram com o Estado espanhol, muitos deles na cidade de Herat, cidade tomada pelos rebeldes e que fica a cerca de três horas de carro da capital.

Em Cabul, muitos dos que estão fora do perímetro do aeroporto vivem uma situação de incerteza: "Há famílias que não podem entrar. Não sabem se hão-de regressar a casa. Há recolher obrigatório em Cabul. O drama humano é de uma magnitude tal que estamos a fazer todos os possíveis", frisa Margarita Robles.

Perante este cenário, a ministra vinca que a prioridade de evacuação será dada às mulheres e às crianças: "Ampliámos a lista com prioridade a mulheres e crianças. Ainda ontem [segunda-feira] chegou um bebé com 15 dias. Alguns vêm com os dois pais. Outra mulher não queria vir para não deixar a mãe de 80 anos, mas embarcou depois de a mãe lhe pedir que se salvasse".

Às vezes chamam-nos e dizem que estão a um quilómetro do aeroporto, mas não podemos sair. Pedimos que vão em grupo, que gritem Espanha e levem algo vermelho", explica Margarita Robles.

Sobre a posição norte-americana, Espanha junta-se a outros países europeus, como Alemanha, França ou Reino Unido, pedindo um adiamento da saída da missão no Afeganistão, cuja data limite dada por Joe Biden foi 31 de agosto, entretanto confirmada após reunião do G7.

Com a pressão internacional para que essa data seja estendida, os talibãs já avisaram de repercussões caso isso se venha a verificar. Para a ministra espanhola da Defesa o risco existente é superior à necessidade de fixar prazos: "Não gosto de dar datas, temos de ser cuidadosos e pensar na segurança".

Numa situação em constante mudança, Margarita Robles diz que é difícil dar dados específicos, até porque a situação é "caótica e dramática".

Tenho confiança na planificação dentro do aeroporto. Ainda esta manhã falei com o ministro português [dos Negócios Estrangeiros]", disse.

"Vamos a apurar hasta el final. No solo está España. Tengo confianza plena en la planifcación de dentro del aeropuerto. Esta mañana hablaba con el ministro portugués. Los datos específicos no los podemos dar. La situación es tan fluida porque la situación va cambiando. La situación es caótica y dramática".

Do total de refugiados recebidos em Espanha, cerca de 55 são menores, dos quais 14 bebés.

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