Tensão agita Venezuela em véspera de eleições - TVI

Tensão agita Venezuela em véspera de eleições

  • 29 jul 2017, 10:33

Oposição prolonga convocatória para manuntenção de barricadas nas ruas até domingo. Organização de Estados Americanos condena eleições para a nova Assembleia Constituinte

Após pelo menos seis mortos durante a greve geral convocada pela oposição, os opositores do presidente Nicolás Maduro convocaram a manutenção dos bloqueios nas ruas das principais cidades até domingo, dia em que se deverão realizar as eleições para uma nova Assemebleia Constituinte.

Nicolás Maduro proibiu as manifestações, ainda asism, na capital, Caracas, e noutras cidades mantêm-se os protestos nas ruas.

Mais de 19,8 milhões de venezuelanos estão convocados para acudir às urnas no domingo, para eleger os membros da Assembleia Constituinte, impulsionada pelo presidente Nicolás Maduro para modificar e incorporar elementos essenciais da atual Constituição.

Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foram admitidas 6.120 candidaturas que disputam 545 cargos a eleger, 8 deles em representação indígena. Do total das candidaturas, 3.546 são por representação territorial e 2.574 de âmbito setorial ou local.

As urnas estarão abertas a partir das 06:00 horas locais (11:30 horas em Lisboa) e 364 dos candidatos eleitos terão representação territorial (nacional) e 173, setorial ou local. O encerramento dos centros está previsto para as 18:00 horas locais (23:30 em Lisboa), se não houverem eleitores em fila para votar.

Eleições polémicas

A Organização de Estados Americanos (OEA) defendeu, na sexta-feira, que é necessário deter imediatamente a Assembleia Constituinte promovida pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cujos membros vão ser eleitos no domingo.

A Venezuela necessita que se cumpra a Constituição e que se detenha já o processo da Assembleia Constituinte (AC). Os venezuelanos precisam de poder decidir já o seu futuro, em eleições livres, universais, limpas e com observação internacional", afirmou o secretário-geral da OEA.

Em comunicado, Luís Almagro explica que o "regime de Nicolás Maduro decidiu, de maneira ilegal, convocar os venezuelanos para uma eleição viciada de nulidade" e que sem "autoridade constitucional para o fazer, estabeleceu as regras para a eleição dos integrantes da ilegítima Assembleia Constituinte".

Autarca detido

De Caracas, há nota de que dezenas de operacionais encapuzados do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) detiveram na sexta-feira um autarca opositor no oeste da Venezuela, enquanto funcionários municipais tocavam o hino nacional, com os braços no ar em gesto de protesto.

Os agentes entraram na Câmara Municipal de Iribarren, em Barquisimeto, estado de Lara, depois de o Supremo Tribunal destituir e ordenar a detenção do autarca, Alfredo Ramos, num processo usado também contra outros responsáveis que permitiram protestos nas suas jurisdições.

Algumas testemunhas divulgaram vídeos no Twitter que mostram os trabalhadores municipais a entoar o hino nacional e a tentar proteger Ramos, que o tribunal máximo da Venezuela condenou a 15 meses de prisão.

Voos suspensos

Devido à polémica eleição de domingo, o Instituto de Aeronáutica Civil (INAC) e os Serviços de Navegação Aérea (SNA) da Venezuela emitiram um comunicado conjunto a anunciar a proibição de voos de aeronaves privadas e de drones no país.

A medida entrou em vigor e prolonga-se até segunda-feira, 31 de julho, um dia depois das eleições para a Assembleia Constituinte.

Proíbe-se a operação e circulação aérea em território nacional e demais espaços geográficos da República Bolivariana da Venezuela de aeronaves classificadas como de aviação geral e privada", explica o documento.

Por precaução, a Air France anunciou na sexta-feira à noite a suspensão dos seus voos entre Paris e Caracas desde domingo, quando se realizam as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela, até 1 de agosto.

Perante “a situação atual na capital da Venezuela, somos obrigados a suspender os nossos voos de Paris para Caracas no domingo, 30 de julho, até terça-feira, 01 de agosto”, informa a companhia francesa em comunicado.

A empresa dá aos seus clientes a possibilidade de voltarem a reservar, sem custos adicionais, um voo posterior, ou a cancelarem a viagem, recebendo, nessa situação, um vale não reembolsável válido no prazo de um ano.

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