Réu na morte de Emiliano Sala diz viver «atormentado» pela tragédia - TVI

Réu na morte de Emiliano Sala diz viver «atormentado» pela tragédia

Emiliano Sala

David Henderson afirma que está constantemente a pensar no acidente. Ministério Público britânico acusa-o de ter descurado a segurança e de ter agido por dinheiro ao contratar um piloto que não estava habilitado para o serviço

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O homem que está a ser julgado por negligência na organização do voo fatal do futebolista Emiliano Sala em janeiro de 2019, disse em tribunal que vive «atormentado» pela tragédia.

David Henderson afirmou viver muito ansioso e que está constantemente a pensar no acidente fatal que vitimou o argentino na zona do Canal da Mancha (Oceano Atlântico) na viagem de Nantes com destino a Cardiff, para onde Sala havia sido transferido a troco de 19 milhões de euros.

O ministério público britânico acusa David Henderson de ter agido por dinheiro, descurando a segurança, resultando daí o acidente no Canal da Mancha. Segundo a acusação, o também piloto de 67 anos agiu com negligência na organização dos voos «quando a aeronave não estava autorizada a fazê-lo e quando utilizou um piloto não qualificado ou competente».

Os restos mortais desse piloto - David Ibbotson, 59 anos - que estava aos comandos de um Piper PA-46 Malibu nunca foram recuperados.

No quarto dia do julgamento, Henderson explicou que se encontrava de férias em Paris quando foi contactado pelo empresário William McKay para tratar do passaporte do jogador sul-americano. Por estar indisponível para realizar o voo, contactou Ibbotson nesse sentido. Segundo David Henderson, este disse imediatamente que sim. «A minha intenção era deixar [Ibbotson] gerir a situação. Ele responsabilizou-se por tudo relacionado com o voo», esclareceu o intermediário e operador, que justificou a escolha do piloto com o facto de ser alguém «experiente».

Apesar disso, tal como a acusação já havia dito, a licença de Ibbotson de piloto comercial havia expirado em novembro de 2018. Para além disso, não estava capacitado para voar à noite. A proprietária do avião testemunhou ainda na quarta-feira que recomendou a Henderson que não recorresse a este piloto para realizar o serviço solicitado.

No relatório final publicado em março de 2020, o British Aviation Accident Investigation Bureau (AAIB) estimou que o piloto perdeu o controlo do avião, que partiu durante o voo numa manobra realizada em velocidade muito alta, «provavelmente» para evitar o mau tempo e poder voar à vista, a baixa altitude.

O julgamento, que começou na segunda-feira, deve durar duas semanas.

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