Violação e cremação sem consentimento de jovem de nove anos gera onda de protestos na Índia - TVI

Violação e cremação sem consentimento de jovem de nove anos gera onda de protestos na Índia

Protestos contra violação e cremação de jovem de nove anos, em Delhi.

Um padre de 55 anos e mais três homens foram acusados de violar uma criança de nove anos, junto ao crematório. A criança fazia parte da comunidade Dalit, uma das mais oprimidas da índia.

Uma onda de protestos invadiu a capital da Índia depois de uma menina de nove anos ter sido alegadamente violada por um grupo de quatro homens e cremada à força, contra a vontade da família. 

Os protestos fizeram-se sentir nas ruas de Nova Deli, com homens, mulheres e até crianças com cartazes exigindo "justiça para a filha da Índia".

A jovem de nove anos, cujo nome não é referido, era uma criança da comunidade Dalit, uma das comunidades mais oprimidas da Índia.

A criança foi vista pela última vez pela família, no domingo, dia 1 de agosto, depois de o pai lhe ter pedido para ir buscar água limpa, perto do crematório. Uma hora depois, e sem aparecer, a mãe decidiu ir procurá-la.

Quando chegou ao local, encontrou a filha morta, com a língua azul e com hematomas em algumas partes do corpo, segundo relatos da polícia, que citavam a mãe da criança.

Segundo a CNN, um padre de 55 anos, Radhey Shyam, que se encontrava no local, disse à mãe da criança que a filha tinha sido eletrocutada enquanto apanhava água.

O padre insistiu para que a mãe o deixasse fazer as últimas orações e cremar a criança ali.

Ele pressionou-me a cremar o corpo imediatamente e impediu-me de chamar a polícia. Disse que se eu chamasse a polícia ia haver um longo processo no tribunal e que a minha filha ia ser levada para o hospital, onde a polícia e os médicos lhe tirariam os órgãos para vender", acrescentou a mãe da criança, em declarações citadas pela CNN.

Os pais foram obrigados a assistir à cremação da filha, mas de longe. Os gritos e protestos da família chamaram a atenção de outras pessoas da comunidade, que os acudiram e apagaram o fogo.

O que restou da menina foram apenas os pés, uma parte da coluna e uma parte da anca, segundo o site Independent, o que dificultou o trabalho dos médicos para a realização da autópsia.

Na noite de domingo a polícia prendeu quatro homens alegadamente envolvidos na morte da menina. Ainda não foram acusados, mas estão sob custódia.

Os peritos vão agora analisar as roupas da criança para averiguar crimes de cariz sexual.

A mãe da criança acrescentou que tiveram de esperar muitas horas na polícia, para prestar depoimento, e que o marido tinha sido agredido pela polícia.

Estas afirmações geraram uma onda de raiva, protestos e tornaram-se um problema político.

Arvind Kejriwal, ministro-chefe de Deli, visitou a família posteriormente depois de ter sido acusado de permanecer em silêncio e anunciou uma indemnização de um milhão de rúpias indianas (cerca de 11 mil euros) à família da vítima.  

O incidente foi comparado a um parecido, no norte da Índia, em setembro do ano passado, quando outra jovem foi cremada sem consentimento depois de ter sido violada e morta por várias pessoas.

Em 2019, só na Índia, ocorreram mais de três mil crimes de abuso sexual. 

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