O porta-voz do candidato presidencial francês François Fillon, Thierry Solère, anunciou hoje a demissão da campanha, juntando-se a uma já longa lista de deserções. Isto no dia em que o partido de centro-direita UDI (União dos Democratas e Independentes) deverá retirar o apoio a Fillon.
“Decidi terminar as minhas funções como porta-voz de François Fillon”, escreveu Solère no Twitter.
Organisateur de la primaire, j ai décidé de mettre fin à mes fonctions de porte-parole de @FrancoisFillon
— Thierry SOLERE (@solere92) 3 de março de 2017
Esta demissão surge depois de o candidato dos Republicanos, François Fillon, ter anunciado na quarta-feira que vai ser formalmente acusado no inquérito sobre uso indevido de fundos públicos.
Porém, ao contrário do que prometeu em janeiro, decidiu continuar na corrida ao Eliseu.
O candidato está, no entanto, prestes a perder o apoio da União dos Democratas e Independentes, do centro-direita. "Nós convidaremos os Republicanos a assumir suas responsabilidades e encontrar outro candidato", disse fonte próxima da liderança do partido à agência Reuters.
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O inquérito
A procuradoria-geral francesa abriu um inquérito judicial a Fillon, suspeito de ter beneficiado a própria mulher através de empregos fictícios, na sexta-feira. Até aqui, o inquérito preliminar ao caso era liderado pela polícia.
A polémica começou depois de o jornal satírico Le Canard Enchaîné ter noticiado que a mulher de Fillon terá recebido mais de 900 mil euros num acumular de empregos fictícios e pagos pelo próprio antigo primeiro-ministro.
Mas os favorecimentos de Fillon à família não se terão ficado por aqui: o candidato presidencial também terá remunerado os seus dois filhos, com uma verba de rondava os 84 mil euros, como seus assistentes, quando foi senador, entre 2005 e 2007. As circunstâncias em que receberam as remunerações e as funções que exerceram não são muito claras.
Fillon já fez saber que não vê razões para devolver o dinheiro que foi pago à mulher e aos filhos enquanto seus colaboradores.