Matteo Renzi só se demite depois da votação do Orçamento - TVI

Matteo Renzi só se demite depois da votação do Orçamento

Presidente italiano, Sergio Mattarella, terá pedido ao primeiro-ministro italiano para adiar sua renúncia até a aprovação do Orçamento do Estado Italiano para 2017

Afinal, Matteo Renzi não vai formalizar já a sua demissão como primeiro-ministro de Itália. O Presidente italiano, Sergio Mattarella, pediu hoje ao primeiro-ministro demissionário, Matteo Renzi, para adiar a sua demissão durante o tempo necessário para garantir a aprovação do Orçamento do Estado para 2017 no parlamento.

A Presidência confirmou esta noite a decisão de Mattarella de não aceitar a demissão e pedir o seu adiamento por alguns dias para permitir a votação final do Orçamento do Estado 2017.

A demissão só deverá ocorrer, por isso, depois da aprovação do Orçamento do Estado italiano pelo Senado na próxima sexta-feira.

No domingo, Matteo Renzi fez o que tinha anunciado no início da campanha eleitoral, em caso de vitória do “não” e apresentou a demissão.

Faço-o por sentido sentido de responsabilidade e para evitar um exercício provisório", explicou Renzi.

A demissão abriu uma crise política numa das mais importantes economias europeias, com sérias implicações para quem lá vive, mas também para a toda a União Europeia.

A vitória do “não” no referendo convocado pelo chefe do Governo, agora demissionário, sobre uma reforma constitucional que pretendia reduzir os poderes do Senado e dos governos regionais para fortalecer o Estado central foi pouco surpreendente.

As sondagens que anteviam a vitória do "não" davam a entender que muitos italianos "desiludidos" iam aproveitar esta votação para castigarem Matteo Renzi, os bancos, a União Europeia, movidos pelos mesmos medos que, em novembro, levaram os norte-americanos a eleger Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos da América.

Eleições antecipadas ou Governo de transição?

Mais do que o chumbo da proposta do referendo, foi Matteo Renzi, agora demissionário, o principal castigado nas urnas. Já que foi o próprio primeiro-ministro italiano que transformou o referendo num plebiscito a ele próprio e ao seu Governo, colocando em causa a continuidade do Executivo caso o “não” ganhasse.

Por isso, poderá perguntar-se se a Itália não estará neste momento numa crise política que podia ter sido evitada. Isto apesar de ainda não serem claras as intenções de Matteo Renzi, já que não esclareceu se vai sair do Partido Democrático, e de nem se saber se poderá existir uma solução política no atual quadro ou se Itália irá partir para novas eleições.

Renzi apresentou esta segunda-feira o pedido formal de renúncia ao Presidente, que lhe pediu que adiasse a sua renúncia. O Sergio Mattarella tem a seu cargo a decisão de convocar eleições antecipadas ou de abrir a porta a um Governo de transição que fique em funções até às eleições de 2018, consultando os líderes dos partidos antes de nomear um novo primeiro-ministro. A acontecer desta forma, o novo primeiro-ministro será o quarto chefe sucessivo do Governo a ser nomeado sem a realização de eleições, um facto que realça a fragilidade do sistema político italiano.

Quase todos os partidos italianos são a favor de um Governo tecnocrático de transição que fique ao leme de Itália até 2018, data das próximas eleições legislativas, para impedir que o Movimento Cinco Estrelas, que fez uma campanha dura a favor da vitória do “não” no referendo italiano, capitalize nas urnas o descontentamento generalizado entre a população.

Sem surpresas, o Movimento de Beppe Grillo já está a exigir que sejam convocadas eleições antecipadas "o mais depressa possível".

“Deve votar-se o mais depressa possível. Os partidos farão de tudo para chegar a setembro de 2017 e receber 'a pensão de ouro' (parlamentar). Não permitiremos", escreveu Beppe Grillo no seu blogue, num artigo entitulado "Viva!".

A exigência de Grillo foi divulgada pouco depois de Matteo Renzi, ter anunciado a demissão e reconhecido a derrota no referendo à reforma constitucional.

Também o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, quer eleições legislativas imediatas.

“Estamos prontos a votar o mais rapidamente possível com qualquer lei eleitoral”, afirmou citado pela AFP.

“Achamos que a Itália não se pode permitir meses de debates sobre um novo sistema eleitoral”, justificou.

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