Venezuela: detido luso-descendente por protestar contra a escassez de produtos - TVI

Venezuela: detido luso-descendente por protestar contra a escassez de produtos

Batatas fritas (REUTERS)

Luís Alfredo dos Santos foi detido pelos militares quando protestava na proximidades do supermercado estatal Bicentenário, em San Bernardino

Funcionários da Guarda Nacional (policia militar) venezuelana detiveram, sábado, um estudante luso-descendente de 23 anos de idade, quando protestava devido à escassez de produtos, disseram, este domingo, fontes da comunidade portuguesa à Agência Lusa.

Segundo as mesmas fontes Luís Alfredo dos Santos foi detido pelos militares quando protestava, conjuntamente com outras pessoas, na proximidades do supermercado estatal Bicentenário, em San Bernardino, no centro de Caracas.

Estas pessoas protestavam, pacificamente, com que são escassos no mercado local.

Através da sua conta no Twitter, o diretor da ONG Foro Penal Venezuelano, Alfredo Romero, confirmou que outras quatro pessoas foram também detidas pela Guarda Nacional, no mesmo local.

 
A imprensa venezuelana dá conta de que, pelo menos, 18 pessoas foram detidas desde sexta-feira no âmbito de protestos contra a escassez de produtos no centro, leste e sudeste de Caracas.

Entre os detidos encontra-se o jornalista Carlos Júlio Rojas.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos cidadãos devido a dificuldades para conseguir, no mercado local, alguns produtos essenciais como o detergente, o açúcar, o leite em pó, óleo vegetal, café, farinha de milho pré-cozida, papel higiénico, entre outros.

Por outro lado, nos últimos dias, multiplicaram-se significativamente as já tradicionais filas de clientes à porta de supermercados para comprar os produtos que escasseiam e que muitas vezes nem chegam a ser colocados à venda nas prateleiras.

Luso-venezuelano propõe «comunas» para reativar a produção

O político luso-descendente, Juan Barreto, anunciou que vai propor ao Presidente Nicolás Maduro que recorra às organizações populares venezuelanas para reativar as empresas estatais e a produção nacional, a fim de combater a escassez de produtos.

«Vamos levar ao Governo nacional uma proposta para a necessária reativação das nossas empresas do Estado sobre a base de uma auditoria popular (...) o povo tem que saber o que se produz e como se produz, e dessa maneira intervir também nos assuntos da produção», disse.

Falando aos jornalistas em Caracas, à margem do evento Conselho Político Nacional de Redes, Juan Barreto explicou ser «necessário» que o Governo venezuelano «decrete, com urgência, a ativação das comunas (grupos de comunidades organizadas) produtivas, a industrialização do sistema nacional de comunas, com base na vocação produtiva de cada região» do país.

«Temos uma das cinco empresas petroquímicas maiores do mundo e como é possível que haja falta de abastecimento de sabão (em pó), que é fundamentalmente uma gordura, glicerina?», questionou, ao mesmo tempo que vincava que «o sabão e os detergentes podem ser produzidos» localmente.

O luso-descendente explicou ainda que o problema da falta de abastecimento de produtos agrícolas nas grandes cidades do país «tem a ver com linhas de abastecimento e de transporte, com a atribuição de créditos, a distribuição oportuna de sementes e a entrega de fertilizantes».

Neto de madeirenses e antigo militante do Movimento Quinta República (o extinto partido que levou Hugo Chávez à Presidência da Venezuela), Juan Barreto, presidiu, entre 2004 e 2008, à Câmara Municipal de Caracas, após o que fundou o "Movimento de Organizações e Coletivos Revolucionários - Redes", um partido afeto à revolução bolivariana.

Os conselhos comunais, ou comunas, são uma forma venezuelana de organização político-social comunitária criada pelo falecido líder socialista Hugo Chávez, centrada na gestão local de políticas públicas e na atenção aos problemas pelas próprias comunidades.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos cidadãos de dificuldades para conseguir, no mercado local, alguns produtos essenciais como o detergente, o açúcar, o leite em pó, óleo vegetal, café, farinha de milho pré-cozida, papel higiénico, entre outros.

Por outro lado, nos últimos dias, multiplicaram-se significativamente as já tradicionais filas de clientes à porta de supermercados para comprar os produtos que escasseiam e que muitas vezes nem chegam a ser colocados à venda nas prateleiras.
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