Pneumologistas alemães excluem efeitos nocivos do fumo do gasóleo: “Não causa uma única morte” - TVI

Pneumologistas alemães excluem efeitos nocivos do fumo do gasóleo: “Não causa uma única morte”

  • 29 jan 2019, 14:03
Estrada

Em Portugal, as declarações de segunda-feira do ministro do Ambiente sobre o futuro do comércio automóvel no que diz respeito a viaturas a diesel deixaram a ala mais verde satisfeita, mas enfureceram a associação representativa do comércio automóvel, que as considera “lamentáveis”

Numa altura em que os carros a diesel estão no centro de uma polémica, especialistas alemães abrem um novo caminho na discussão. Mais de uma centena de pneumologistas defendem que o fumo do gasóleo não tem efeitos nocivos na saúde. Os responsáveis pelo ramo automóvel aplaudem, mas os ambientalistas condenam.

Em Portugal, as declarações de segunda-feira do ministro do Ambiente sobre o futuro do comércio automóvel no que diz respeito a viaturas a diesel deixaram a ala mais verde satisfeita, mas enfureceram a associação representativa do comércio automóvel, que as considera “lamentáveis”.

Matos Fernandes defendeu que é “muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”.

À Associação Automóvel de Portugal (ACAP) chega apoio diretamente da Alemanha. Mais de 100 médicos assinaram um documento que vem por em causa os riscos para a saúde do diesel. De acordo com os especialistas germânicos, “o limite atual de NO2 (dióxido de nitrogénio) e poeira de partículas não causa uma única morte”, escreve o Observador.

Porém, a discussão também é acesa lá fora entre médicos, organizações ambientais e políticas.

O antigo presidente da Sociedade alemã de Pneumologia garante que a maioria dos estudos sobre perigos causados pelo fumo do gasóleo tem resultados duvidosos. Dieter Köhler contraria a instituição que presidiu no passado e que, no final do ano transato, emitiu um documento que alertava para os riscos das emissões do diesel.

Ao lado deste está o médico-diretor da Cruz Vermelha de Estugarda. “No hospital, nunca se veem doentes com problemas do pulmão ou do coração causadas por poeiras ou por NO2. Não é plausível que estejam a causar os danos para saúde que têm sido publicados ultimamente”, afirmou Martin Hetzel.

O ministro do Ambiente, Svenja Schulze, alertou o titular da pasta dos Transportes, Scheuer, que aplaude a documento dos pneumologistas. De acordo com Schulze, o documento não traz "nada que realmente mostre novas descobertas".

Segundo o ministro do Ambiente, Dieter Köhler não apresentou novas respostas científicas que mostrem que poluentes como o dióxido de nitrogénio não prejudicam a saúde, mas apenas negou as descobertas existentes.

Schulze diz que os factos estão a ser distorcidos, escreve o Berliner Morgenpost, mas acrescenta que as incertezas não devem ser base para políticas irresponsáveis.

Os limites são uma garantia para o ar limpo. Não vejo razão para atenuar isso”, garantiu o ministro.

Por isso, Steffen Seibert, porta-voz do governo alemão, afirmou esta segunda-feira que o executivo vai procurar esclarecimentos científicos para os factos defendidos pela centena de pneumologistas.

Nas ruas, as manifestações também se fazem sentir. No fim-de-semana, em Estugarda, mais de mil pessoas juntaram-se para protestar contra as proibições de conduzir carros a diesel na cidade. É que aquela cidade seguiu o exemplo de 1998 de Hamburgo e adotou a medida de proibir o uso de carros a gasóleo, apelando à substituição por veículos amigos do ambiente.

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