A reserva de hostel que despoletou um incidente diplomático entre a China e a Suécia - TVI

A reserva de hostel que despoletou um incidente diplomático entre a China e a Suécia

  • João Guilherme Ferreira
  • 25 set 2018, 15:13

A Suécia e a China vivem um momento de tensão diplomática sem precedentes. Em causa estão a visita de Dalai Lama ao país nórdico e um vídeo que mostra turistas chineses desesperados à porta de um hostel

As relações diplomáticas entre a Suécia e a China já viram melhores dias. Nos últimos meses, pequenos conflitos resultaram numa crise diplomática sem precedentes na história dos dois países. 

O caso, que levou a embaixada da China na Suécia a desaconselhar os turistas chineses a viajar para o país nórdico, resulta de um vídeo que foi colocado nas redes sociais que mostra uma família de chineses a ser expulsa de um hostel em Estocolmo. Apesar de as imagens terem sido captadas no início do mês, só agora o incidente tomou proporções à escala mundial. 

Os turistas chegaram à capital sueca por volta das 02:00 do dia 2 de setembro e dirigiram-se para o hostel onde tinham feito uma reserva, mas foram expulsos. O motivo desta expulsão estava relacionado com o facto de a reserva apenas estar marcada para o início da tarde desse mesmo dia. Os turistas tinham noção disso, mas queriam esperar na receção para não passaram a noite na rua. O hostel negou-lhes o acesso. 

A discussão incendiou-se, as autoridades foram chamadas ao local e obrigaram os turistas a sair do interior do hotel. Já no exterior da unidade hoteleira, os turistas entraram em desespero, choraram e pediram ajuda. A situação já era delicada, mas não ficou por aqui. 

Dias depois do vídeo, que mostra o desespero da família, ter sido publicado, nas redes sociais, um programa de humor decidiu satirizar o sucedido e apelidar a família de "Drama Queens", uma expressão inglesa que pode ser traduzida como "princesas dramáticas ou histéricas". Foi esta situação que levou o ministro chinês a considerar que a família foi alvo de um ataque xenófobo.

As autoridades chinesas dizem que houve uma clara violação dos direitos humanos e, nas redes sociais, alguns cidadãos falam num boicote ao consumo de produtos suecos.

Este caso junta-se a dois incidentes que ocorreram nos últimos meses: a detenção de Gui Minhai na China e a visita de Dalai Lama à Suécia.

Gui Minhai é um escritor sueco com raízes chinesas que mora em Hong Kong. O autor foi detido, em fevereiro,  pelas autoridades chinesas depois do lançamento de livros que criticam as políticas de Pequim. A acusação formal ainda não é conhecida, mas Geng Shuang, ministro dos Negócios Estrangeiros, garante que Minhai violou leis chinesas. 

O governo sueco pediu a libertação do autor, mas, ainda sem um resposta conclusiva, recebeu há duas semanas Dalai Lama. O líder espiritual dos budistas esteve no país e a receção caiu mal no seio do governo chinês. É histórico o conflito entre Dalai Lama e a China sobre o controlo do Tibete, território do qual o budista é chefe de estado. 

O conflito diplomático, que levou a pedidos de boicotes, pode ter repercussões nas economias dos dois países. A China é o oitavo país no ranking das exportações suecas, um mercado que vale 7 mil milhões de euros por ano. No que às exportações chinesas diz respeito, apesar de o mercado sueco não estar no top 50 dos países para que mais exporta, há várias multinacionais suecas que têm fábricas na China, como é o caso do gigante da decoração IKEA. 

 

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