A administração Trump: homens, brancos e com posições polémicas - TVI

A administração Trump: homens, brancos e com posições polémicas

  • Sofia Santana
  • 21 nov 2016, 15:56
Administração Trump

A futura administração Trump começa a ganhar forma e nos Estados Unidos já há quem use a palavra “racista” para a descrever. Há ainda poucos nomes oficialmente nomeados, mas, para já, as escolhas estão a confirmar o tom e o discurso da campanha do magnata

A futura administração Trump começa a ganhar forma e nos Estados Unidos já há quem use a palavra “racista” para a descrever. Há ainda poucos nomes oficialmente nomeados, mas, para já, as escolhas estão a confirmar o tom e o discurso da campanha do magnata.

Depois de ter nomeado para chefe de estratégia e Conselheiro Sénior Stephen Bannon, acusado de ter o apoio da organização de extrema-direita Klu Klux Klan, Trump convidou para Procurador-geral um senador acusado de racismo, para Conselheiro de Segurança Nacional um general que comparou o Islão a "um cancro" e para diretor da CIA um congressista que defende métodos de tortura e quer reintroduzir o programa de vigilância em massa denunciado por Edward Snowden.

De resto, entre os cinco nomes já confirmados na equipa que vai governar o país nos próximos quatro anos - para além do vice Mike Pence, claro -, apenas Reince Priebus, nomeado para chefe de gabinete, parece escapar às críticas mais ácidas da imprensa norte-americana.

Um artigo da New York Mag escrevia na sexta-feira que depois de ter "acabado com as normas instituídas", fazendo com que um discurso racista fosse socialmente aceite como normal, Trump parece querer agora “redefinir os limites do racismo nas políticas republicanas”.

Há ainda muitos cargos por preencher, esperando-se que, nos próximos dias, mais nomes sejam oficializados. O Presidente eleito tem realizado vários encontros com potenciais candidatos, como aconteceu durante este fim de semana no golf resort do magnata em Bedminster, Nova Jérsia.

Mas, para já, Trump parece fazer uma vénia à extrema-direita que tanta energia lhe deu durante a campanha. E figuras ligadas aos movimentos nacionalistas e de supremacia branca, como David Duke, que foi membro do Klu Klux Klan, têm aplaudido as nomeações.

 

Há quem, de resto, tenha recorrido ao sarcasmo para traçar um perfil dos candidatos a integrar a nova administração: ser homem, ser branco, chamar-se Mike.

 

 

Os nomes já confirmados na futura administração Trump

Jeff Sessions, Procurador-geral

Para procurador-geral, cargo que nos Estados Unidos é o equivalente a ministro da Justiça, Donald Trump convidou o senador do Alabama, Jeff Sessions, que nos anos 80 falhou um lugar de juiz federal devido a acusações de racismo.

Jeff Sessions, o primeiro senador a apoiar formalmente Donald Trump, foi acusado de racismo em 1986: terá dito que um advogado branco a representar clientes negros era um “traidor racial” e que o Klu Klux Klan – uma organização de extrema direita que defende a supremacia da raça branca – só não era aceitável porque os seus membros fumavam erva.

O antigo procurador do Alabama sempre negou estas acusações, mas não se livrou da polémica, tendo acabado por falhar um lugar de juiz federal.

Sessions opõe-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e, tal como Trump, defende as deportações de imigrantes em massa.

Michael Flynn, Conselheiro de Segurança Nacional

Para assumir o cargo de Conselheiro de Segurança Nacional, Trump convidou Michael Flynn, um general na reserva, de 57 anos, conhecido pelas declarações polémicas.

Flynn foi chefe dos serviços secretos militares, mas acabou dispensado por Barack Obama, em 2014. Desde então tornou-se num fervoroso opositor da administração Obama, tendo afirmado que o presidente norte-americano é um “mentiroso” que não tem nenhum plano para combater o Estado Islâmico.

Num discurso em agosto, o general comparou o Islão a um “cancro", considerando que se trata de uma “ideologia política" que “está escondida por detrás da noção de que se trata de uma religião”. Antes, já tinha dito que “o medo dos muçulmanos é um medo racional”.

 

E apesar de Trump defender uma Casa Branca "limpa" dos lóbis e interesses que têm dominado a política norte-americana nos últimos anos, a verdade é que Michael Flynn tem uma empresa de consultadoria que tem feito lóbi junto de aliados como o presidente da Turquia, Racep Tayyip Erdogan.

 

Mike Pompeo, Diretor da CIA

Mike Pompeo, de 52 anos, é um congressista do estado do Kansas, membro do movimento Tea Party, que foi nomeado para dirigir a CIA, agência dos serviços secretos norte-americanos. 

O republicano defende a reintrodução do programa de vigilância de cidadãos em massa, denunciado por Edward Snowden, considerando que o antigo espião da NSA merece a pena de morte por ter denunciado estas práticas secretas. 

O congressista opõe-se ao acordo nuclear com o Irão, defende métodos de torturas em interrogatórios e a manutenção da prisão de Guantanamo.

Steve Bannon, Chefe de Estratégia e Conselheiro Sénior

Steven Bannon, de 62 anos, foi nomeado presidente executivo da campanha de Donald Trump em agosto, assumindo, assim, o cargo nos meses mais decisivos da campanha. Agora foi nomeado para ser o principal estratega e conselheiro da Casa Branca. 

Antes, chefiava o site de notícias Breitbart News, ligado à ala mais conservadora da direita norte-americana.

Foi oficial da marinha e depois de terminada a carreira militar, foi banqueiro no Goldman Sachs. 

Tem um historial de posições que democratas e mesmo republicanos consideram racistas e misóginas. É acusado de ter o apoio do Klu Klux Klan. 

Reince Priebus, Chefe de gabinete da Casa Branca

Reince Priebus, de 44 anos, preside ao Comité Nacional Republicano desde 2010.  É um politico experiente, do estado do Wisconsin, que conhece bem o sistema de Washington e é próximo de altas figuras do Partido Republicano como Paul Ryan.

Com esta nomeação mais convencional, Trump garante um aliado capaz de lidar com os seus opositores dentro do próprio partido.  

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