Estados Unidos: Supremo Tribunal rejeita fim do programa de proteção de jovens imigrantes - TVI

Estados Unidos: Supremo Tribunal rejeita fim do programa de proteção de jovens imigrantes

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  • Publicado por Rafaela Laja
  • 18 jun 2020, 16:39
Donald Trump presente em West Point

Supremo Tribunal de Justiça americano rejeitou uma tentativa de Donald Trump de colocar fim às proteções legais de cerca de 650.000 jovens imigrantes

O Supremo Tribunal de Justiça dos EUA rejeitou esta quinta-feira uma tentativa do presidente Donald Trump de colocar fim às proteções legais de cerca de 650.000 jovens imigrantes (os "dreamers").

O Supremo Tribunal considerou que a decisão do governo republicano de terminar o programa iniciado pelo anterior Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que protege os imigrantes ilegais com menos de 30 anos de serem deportados, é “caprichosa” e “arbitrária”.

Assim, estes imigrantes, conhecidos com os “dreamers” (sonhadores) continuam a manter autorizações para trabalhar nos Estados Unidos e fica preservada a sua proteção contra tentativas de deportação, por uma decisão judicial que é um relevante revés político para Donald Trump, em ano de eleição presidencial.

Os juízes do Supremo rejeitaram os argumentos do Governo de que este programa, intitulado Programa de Ação Diferida para Chegadas de Crianças (DACA, na sigla em inglês), seria ilegal e que os tribunais não poderiam interferir na decisão de o encerrar por determinação presidencial.

Não decidimos se o DACA ou a sua rescisão são políticas sólidas. Apenas abordámos a questão de saber e a agência cumpriu os requisitos processuais de fornecer uma explicação fundamentada para a sua ação”, escreveu o chefe do Supremo Tribunal, John Roberts, na sentença hoje conhecida.

O Supremo Tribunal admite ao Departamento de Segurança Interna nova tentativa de justificação de um encerramento do programa.

Os quatro juízes conservadores discordaram da decisão, contra os quatro votos favoráveis dos juízes progressistas, tendo deixado a decisão nas mãos de John Roberts.

Um dos dissidentes, o juiz Brett Kavanaugh, escreveu na sua declaração de voto que está convencido de que o Governo agiu adequadamente na tentativa de encerrar o programa.

O DACA aplica-se a pessoas que estejam nos Estados Unidos desde crianças, em situação ilegal, não tendo, em muitos casos, nenhuma outra memória de casa para além dos EUA.

O programa surgiu depois de um impasse político sobre um projeto de lei sobre imigração, que opôs o Congresso ao Governo de Barack Obama, em 2012.

Nessa altura, Obama decidiu proteger formalmente as pessoas nessa situação de deportação, além de preservar os seus postos de trabalho.

Com a chegada de Donald Trump, em 2017, o Presidente anunciou o encerramento do DACA, apesar das críticas de numerosos grupos de direitos civis.

O Departamento de Segurança Interna tem continuado a renovar processos de renovação do programa, a cada dois anos, para que centenas de milhares de destinatárias do DACA tenham proteção.

Mas, ao longo do mandato presidencial, o Governo procurou, em sucessivos recursos, que os tribunais não obstaculizem o encerramento do programa, até esta decisão do Supremo, hoje conhecida.

Obama diz-se "feliz" por decisão judicial que protege jovens imigrantes nos EUA

O ex-Presidente norte-americano, Barack Obama, disse hoje estar “feliz” pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça dos EUA, que rejeitou hoje uma tentativa do Governo de Donald Trump de colocar um fim às proteções legais dos jovens imigrantes.

Barack Obama não escondeu a satisfação por esta decisão judicial, que mantém a política por si implementada, e que também foi aplaudida pelo Governo do México, país que tem cerca de 12 milhões de habitantes a viver fora do país, a maioria dos quais residindo nos Estados Unidos.

Esta semana, passaram oito anos desde que protegemos da deportação os jovens que cresceram na nossa família americana”, escreveu Obama, na sua conta da rede social Twitter.

“Hoje, estou feliz por eles, pelas suas famílias, por todos nós. Podemos parecer diferentes e vir de todos os lugares, mas o que nos torna americanos são os nossos ideias compartilhados”, acrescentou o ex-Presidente.

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