Multidão em comício de Trump pede ao presidente: "Manda-a de volta" - TVI

Multidão em comício de Trump pede ao presidente: "Manda-a de volta"

  • Bárbara Cruz
  • 18 jul 2019, 11:09

Apoiantes de Donald Trump juntaram-se ao presidente para criticar congressistas norte-americanas. Desta vez, o alvo principal foi Ilhan Omar, que chegou aos Estados Unidos como refugiada da Somália mas tem cidadania norte-americana

Donald Trump já está em campanha para a reeleição em 2020 e, num comício na noite de quarta-feira em Greenvile, na Carolina do Norte, foi aplaudido pela multidão, que fez eco dos comentários do presidente sobre o "esquadrão" de congressistas americanas que tem sido criticado por Trump

Manda-a de volta, manda-a de volta", repetiram os apoiantes do presidente, referindo-se a Ilhan Omar, a congressista que chegou aos Estados Unidos vinda da Somália há quase três décadas como refugiada e se tornou aos 17 anos cidadã americana. 

Os incentivos a que Omar e outras três congressistas - as quatro são apelidadas por Trump como "o esquadrão" - regressassem aos países de origem começaram quando o presidente dos Estados Unidos fez comentários nesse sentido no Twitter. O presidente escreveu que se as quatro tanto criticavam a política norte-americana ao nível da imigração, deveriam voltar para os seus países natais "infestados de crime". Recorde-se que as quatro congressistas - Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova Iorque, Ayanna Pressley, do Massachusetts, Rashida Tlaib, do Michigan, além de Ilhan Omar, do Minnesota - têm nacionalidade norte-americana. Omar é a única que não nasceu em solo dos EUA.

No comício na Carolina do Norte, Trump voltou à carga, ainda que desde o início da polémica com as congressistas já tenha dito que não tem "um único osso racista" no corpo e que não escreveu nada que possa ser considerado discriminatório. 

Deixem-nas ir embora", disse. "Estão sempre a dizer-nos como gerir as coisas, como fazer isto, como fazer aquilo. Sabem que mais? Se não gostam, digam-lhes para irem embora". A multidão aceitou o repto do presidente e cantou em seguida "manda-a de volta!", um slogan que, assinala a imprensa internacional, fez lembrar o "prendam-na" que se cantava para Hillary Clinton nos comícios republicanos da campanha para as eleições de 2016, que Trump venceu.

Quando falava sobre Omar, o atual inquilino da Casa Branca não só não tentou interromper os cânticos racistas da multidão como ficou em silêncio enquanto as vozes se levantavam pedindo a deportação da congressista. Durante os 90 minutos que demorou a ação de campanha, Trump atacou uma a uma, identificando-as pelo nome, as quatro congressistas, estratégia que os analistas creem que passa por fazer das quatro mulheres o rosto de um Partido Democrata de esquerda radical. 

O presidente ironizou ainda com o nome de Alexandria Ocasio-Cortez. "Não tenho tempo de dizer três nomes diferentes, vamos chamar-lhe Cortez. Leva demasiado tempo", atirou. 

As redes sociais não demoraram a dar resposta aos cânticos no comício de Trump: entre quarta e quinta-feira, um vídeo com imagens do comício tem sido partilhado com a hashtag "Estou com Ilhan", acrescentando um "tweet" publicado pela congressista na noite de quarta-feira em resposta ao comício. Omar publicou quatro versos de um poema de Maya Angelou, "Still I Rise".

 

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