Foram várias horas de negociações, durante a madrugada desta quinta-feira, entre as comitivas dos Estados Unidos da América e da Coreia do Norte, mas, ao contrário do que as sucessivas declarações anunciavam, não houve acordo. Donald Trump e Kim Jong-un abandonaram o local “mais próximos do que há 36 horas”, mas sem nada de concreto.
Depois de um jantar e uma curta reunião, na quarta-feira, os dois líderes voltaram a reunir-se em Hanói para debater dois pontos fulcrais: a desnuclearização e o fim das sanções económicas. As posições foram definidas pelos dois líderes: Kim queria o fim das sanções e Trump a desnuclearização da península.
Se não estivesse disposto à desnuclearização, não estaria hoje em Hanói", garantiu Kim Jong-un a Donald Trump
As reuniões decorreram sempre de forma assertiva e a comunidade internacional esperava a assinatura de um acordo, mas a Casa Branca surpreendeu tudo e todos quando anunciou o fim do encontro sem um documento assinado. Donald Trump assumiu desde o início que "não queria acelerar o processo" e "pretendia o acordo certo" e são estes os ponto apontados para uma saída do Vietname "de mãos a abanar".
O que falhou?
Na conferência de imprensa, após o termino do encontro, Donald Trump afirmou perante os jornalista que "tinha os papéis preparados", mas não os assinou.
Se assinasse um acordo qualquer, estariam aqui agora a criticar-me", defendeu o presidente dos EUA.
O presidente norte-americano garantiu que o entendimento falhou porque "a Coreia do Norte queria o fim generalizado das sanções, se se comprometer com a desnuclearização pretendida pelos EUA". Os dois líderes não colocam de parte um encontro no futuro e Trump sempre considerou que "não queria um acordo assinado à pressa".
Depois dos avanços de Singapura, as relações entre os dois países parecem estar estagnadas à volta da desnuclearização e das sanções económicas.
Donald Trump garantiu que saíram da reunião de forma carinhosa e "mais próximos do que nas 36 horas antes (da reunião)".
Reações da comunidade internacional
A Presidência sul-coreana lamentou já que a cimeira entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte tenha terminado sem acordo, mas mostrou-se otimista na continuação das negociações, considerando que houve progressos significativos em Hanói.
É lamentável que o Presidente Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, não tenham chegado a um acordo global na sua cimeira de hoje", disse em comunicado o porta-voz da Casa Azuk, sede da Presidência sul-coreana.
No entanto, Kim Eui-kyeom disse parecer "claro que foram alcançados muitos progressos, mais do que em qualquer outro momento no passado".
Estados Unidos e Coreia do Norte têm uma relação hostil desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), mas Trump, um assumido não-político disposto a quebrar com o protocolo, aceitou aproximar-se de Kim Jong-un, que lidera um dos regimes mais brutais do mundo.