O resultado das eleições presidenciais norte-americanas não terá “qualquer efeito” sobre a linha política do Irão em relação aos Estados Unidos, declarou hoje o líder supremo iraniano, o ‘ayatollah’ Ali Khamenei.
“Em relação aos Estados Unidos, seguimos uma política sensata, calculada e específica e esta política não pode ser afetada por mudanças de pessoas” em Washington, afirmou Khamenei num discurso transmitido pela televisão por ocasião do feriado muçulmano que marca o aniversário do nascimento de Maomé.
Lembrando que “hoje é o dia das eleições nos Estados Unidos”, o líder supremo iraniano insistiu: “[O resultado] não é da nossa conta, o que significa que não influenciará em nada a nossa política (…), as entradas e saídas de pessoas [na Casa Branca] não terão impacto sobre ela”.
Khamenei considerou que o sistema político norte-americano tem “problemas morais, políticos e éticos” e está em declínio, prevendo que “o império norte-americano” não durará muito.
Claro, alguns deles, se tomarem posse, destruirão a América mais cedo e outros, se eleitos, farão com que a América seja destruída um pouco mais tarde”, disse.
O discurso do ‘ayatollah’ Khamenei coincide com o 41.º aniversário da ocupação da embaixada norte-americana em Teerão, que deu início a uma crise de reféns que durou 444 dias e ainda afeta as relações entre Washington e o Irão.
Sobre o acontecimento, o líder supremo explicou que foi “algo simbólico contra a arrogância (norte-americana)” e que na época foi um ato “bastante apropriado e sábio”.
Khamenei acusou os Estados Unidos de serem um regime “terrorista, corrupto e belicista”, considerando ser “lógico” combatê-lo.
O Irão e os Estados Unidos estiveram duas vezes à beira da guerra desde junho de 2019, no contexto de tensões no Golfo e sobre o acordo nuclear internacional concluído em Viena em 2015.
O presidente norte-americano cessante, Donald Trump, denunciou unilateralmente o pacto em 2018 e tem desenvolvido uma política de “pressão máxima” contra a República Islâmica através de sanções económicas que conduziram a economia iraniana a uma recessão severa.
Em resposta, Teerão deixou de cumprir desde maio de 2019 grande parte dos compromissos assumidos em Viena.
Rival do republicano Trump, o candidato democrata Joe Biden indicou que em caso de vitória pretende propor “ao Irão uma via credível de regresso à diplomacia”, visando reintegrar os Estados Unidos no acordo nuclear de 2015.