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Por que Trump baniu sete países e não outros

Há 15 anos, 19 terroristas mudaram a América para sempre. Nenhum deles era cidadão de um dos sete países agora banidos pela administração Trump de entrar nos Estados Unidos

Há 15 anos, 19 terroristas mudaram a América para sempre. Desviaram quatro aviões de passageiros, derrubaram as “Torres gémeas”, atingiram o Pentágono, mataram quase três mil pessoas. Nenhum deles era cidadão de um dos sete países agora banidos pela administração Trump de entrar nos Estados Unidos: a maioria era saudita (15), dois eram dos Emirados, um era egípcio e outro libanês.

A ordem executiva, conhecida na sexta-feira, visou o Iraque, onde ainda se encontram tropas norte-americanas, a Síria, o Irão, a Líbia, a Somália, o Sudão e o Iémen, e apanhou de surpresa muitos cidadãos que já estavam em viagem ou preparavam-se para viajar para os Estados Unidos.

Em comum, estes sete países banidos têm o facto de em nenhum deles o presidente dos Estados Unidos ter negócios. Em comum, nos que ficaram de fora, coincidentemente, Donald Trump tem interesses comerciais.

Mas Trump não vai por aí e aponta para as “preocupações” já anteriormente manifestadas por Barack Obama para com estes sete. Em dezembro de 2015, o ex-presidente norte-americano aprovou uma lei que colocava limitações a viajantes que tivessem visitado Irão, Iraque, Sudão ou Síria em/ou depois de 1 de março de 2011. Em fevereiro de 2016, juntou Líbia, Somália e Iémen à lista.

"Já havia várias restrições em curso para estes sete países”, justificou, no domingo, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, em declarações à ABC.

O que o presidente fez foi dar o primeiro passo através de uma ordem executiva para assegurar que estamos a olhar para o sistema no seu todo, ou seja, de quem entra no país, de refugiados que querem entrar, de pessoas que chegam de lugares que têm passado [terrorista] ou que os nossos serviços secretos sugerem que devamos ser mais cuidadosos.”

Um primeiro passo que, recorde-se, impede a entrada nos Estados Unidos de qualquer cidadão oriundo de Iraque, Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen, e que deixa os detentores dos “green card” (autorização de residência) sob a ameaça da reavaliação caso visitem um destes sete países.

Os países abrangidos pela ordem executiva para proteger os americanos do terrorismo são países que já tinham sido identificados pelo Congresso e pela administração Obama”, insistiu Reince Priebus, chefe do pessoal da Casa Branca, também à ABC.

Negócios das arábias

Donald Trump diz que entregou a gestão das suas empresas e dos seus negócios aos filhos (adultos) para evitar que as suas decisões fossem associadas a interesses comerciais do grupo, no entanto continua a ser o “dono” e a poder beneficiar dos negócios alcançados.

Na Arábia Saudita, o país de origem de 15 dos 19 terroristas do 11 de Setembro, Trump esteve perto de investir na construção de um hotel, projeto que terá abandonado em dezembro, mas mantendo algumas ligações a negócios em Jeddah, a segunda maior cidade saudita, de acordo com a Bloomberg.

Igualmente curioso é o facto de não existir qualquer restrição à Turquia, que nos últimos tempos tem sido alvo de sucessivos atentados terroristas em locais turísticos e sobre a qual há, inclusive, um aviso oficial norte-americano aos seus viajantes para a ameaça de que “são alvo na Turquia”. Isto não impediu Trump de avançar na construção de duas torres de habitação de luxo em Istambul, além de uma linha de mobiliário designada Trump Home.

Nos Emirados Árabes Unidos, Trump vai dar o seu nome a dois mega-empreendimentos turísticos no Dubai, com campo de golfe e spa.

Também na Indonésia, maioritariamente muçulmana, não há travões à entrada nos EUA e onde estão em construção dois grandes empreendimentos turísticos.

Coincidências ou não são as questões que todo o mundo faz a Donald Trump. Por que deixou países como a Arábia Saudita de fora da equação?

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