Sem dar tréguas à sua conta na rede Twitter, Donald Trump partilhou uma mensagem divulgada pela cadeia de televisão Fox News, que obtivera e divulgara uma "informação classificada" sobre movimentações militares norte-coreanas registadas por satélites dos Estados Unidos.
Terça-feira, no programa "Fox and Friends", a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Nicky Haley, recusara-se a comentar a informação obtida de fontes anónimas por parte da cadeia de televisão, segundo a qual os satélites tinham registado os norte-coreanos a embarcar mísseis de cruzeiro para um navio patrulha.
Não posso falar sobre nada que esteja classificado e se isso está num jornal é vergonhoso", assumiu a embaixadora no programa de televisão, acrescentando a sua preocupação face a fugas de informação de dentro da administração norte-americana: "É daquelas coisas que não entendo o que se passa. Mas digo que é extremamente perigoso quando chegam assim à comunicação social".
Só que, ao contrário de Nicky Haley, o presidente não foi tão cauteloso. Horas antes da embaixadora estar na Fox News, o presidente partilhou o furo jornalístico da televisão na sua conta de Twitter, numa altura em que, mais uma vez, voltou a advertir o regime norte-coreano.
U.S. spy satellites detect North Korea moving anti-ship cruise missiles to patrol boat https://t.co/BPFXsLffgy
— FOX & friends (@foxandfriends) August 8, 2017
Informação perigosa
Até ao momento, segundo refere a cadeia de televisão CNN, a Casa Branca ainda não comentou a situação. Mas os opositores de Donald Trump não perderam tempo.
É alarmante a facilidade com que o presidente Trump partilha informação classificada", disse o deputado democrata Ted Lieu, em declarações à CNN, para quem. "lá porque algo está na imprensa não deixa de ser sigiloso. E o presidente não devia partilhar informação classificada só porque é presidente".
Veterano da guerra no Iraque, Will Fischer também atacou o presidente, mais ainda porque o seu recém-empossado chefe de gabinete, John Kelly, é um militar.
É absolutamente aterrador ver informação que a embaixadora Kelly considerou perigosa para ser publicada partilhada por Donald Trump", adiantou Will Fischer.
As questões que temos de colocar são as seguintes: O que disse o general Kelly? Se disse a Donald Trump para partilhar isso, temos um verdadeiro problema. Se disse a Trump para não o fazer e Trump o ignorou, temos um grande problema. Se Donald Trump se recusa a consultar o seu chefe de gabinete nestes assuntos, é um enorme problema, sobretudo tendo em conta o passado militar do general Kelly".
Mísseis e fugas
Quanto à informação divulgada inicialmente pela Fox News, um militar norte-americano corroborou na CNN que a Coreia do Norte, no dia 1 de Agosto, embarcou dois mísseis de cruzeiro "Stormpetrel" anti-navio num barco-patrulha na costa leste do país, o que foi registado por satélites espiões norte-americanos.
Segundo o mesmo militar, desde 2014 que a Coreia do Norte não fazia uma operação do género, o que poderá indiciar estar a preparar um teste com mísseis lançados a partir do mar.
Quanto à facilidade com que informações deste género chegam a público, o próprio Donald Trump fez questão, no fim de semana, de assinalar os esforços do procurador-geral e responsável pela pasta da Justiça, Jeff Sessions, para combater as fugas de informação a partir da Casa Branca.
Após anos de fugas a sair de Washington, é bom ver o procurador-geral a agir. Pela segurança nacional, quanto mais forte, melhor", escreveu Trump, como sempre, na sua conta de Twitter, sobre o homem que nomeou e com quem tem andado de "candeias às avessas".
After many years of LEAKS going on in Washington, it is great to see the A.G. taking action! For National Security, the tougher the better!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 5, 2017