O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou o Twitter para lançar um sério aviso à Rússia, por causa da Síria. Num post publicado esta quarta-feira de manhã, Trump diz que Putin “não devia aliar-se a um animal que mata o seu próprio povo com gás”, numa referência ao ataque em Douma, na Síria, em que mais de 500 pessoas, incluindo crianças, terão sido expostas a um gás mortífero.
“A Rússia promete derrubar todos e quaisquer mísseis lançados contra a Síria. Prepare-se, porque eles virão, bons e novos e "inteligentes"! Vocês não deviam ser parceiros de um animal que mata com gás o seu próprio povo e gosta!”
Russia vows to shoot down any and all missiles fired at Syria. Get ready Russia, because they will be coming, nice and new and “smart!” You shouldn’t be partners with a Gas Killing Animal who kills his people and enjoys it!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de abril de 2018
Num outro tweet, com pouco mais de meia hora de diferença do primeiro, Donald Trump deixa claro que a relação com a Rússia já teve melhores dias: "A nossa relação com a Rússia está pior agora do que alguma vez esteve. E isso inclui a Guerra Fria. Não há razão para isso. A Rússia precisa de nós para ajudar a sua economia, algo que será muito fácil de fazer, e nós precisamos de todas as nações para trabalharmos em conjunto. Vamos parar a corrida ao armamento?".
Our relationship with Russia is worse now than it has ever been, and that includes the Cold War. There is no reason for this. Russia needs us to help with their economy, something that would be very easy to do, and we need all nations to work together. Stop the arms race?
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de abril de 2018
Já depois dos twets do presidente, o secretário da Defesa dos Estados Unidos disse “estar pronto” para apresentar a Donald Trump todas as opções militares de retaliação ao ataque químico. Jim Mattis realçou, no entanto, que os Estados Unidos “ainda estão a avaliar” as informações relacionadas com o ataque, informações essas que serão importantes para apurar a responsabilidade do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Através do ministro dos Negócios Estrangeiros, a Rússia demorou menos de meia hora para responder a Donald Trump. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo diz que os tais “mísseis inteligentes devem ser dirigidos contra terroristas e não contra um governo legítimo”. A Rússia vai mais longe e acrescenta que os “mísseis inteligentes” dos Estados Unidos podem ser uma tentativa e destruir a evidência dos alegados ataques químicos na síria.
Citada pela Agência TASS, fontes militares russas dizem que estão a acompanhar de perto a situação na Síria e alegam que o ataque em Douma foi fabricado por grupos ativistas de "capacetes brancos". À RIA, outra agência noticiosa russa, as mesmas fontes militares garantem que as amostras que se conseguiram recolher em Douma não revelam a presença de qualquer veneno e que a polícia russa se prepara para entrar na cidade esta quinta-feira.
Numa aparente resposta aos tweets de Trump, o Ministério da Defesa russo fala em movimentações da força naval norte-americana no mar do Golfo e que Washington faria muito melhor se pensasse reconstruir a cidade síria de Raqqa do que pensar em outros ataques.
Já esta semana, a Rússia tinha acusado Israel (tradicional aliado dos Estados Unidos) de ser responsável por um ataque aéreo a uma base militar síria, que fez pelo menos 14 mortos, incluindo iranianos. A origem do ataque, direcionado ao aeroporto militar T-4, igualmente conhecido pelo nome de Tiyas, continua desconhecida, tendo os EUA já rejeitado a responsabilidade.
Forças russas, iranianas e do movimento libanês Hezbollah, aliados do regime de Bashar al-Assad, estão estacionadas nesta base, de acordo com aquele observatório citado pela France Presse.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) confirma que cerca de 500 pessoas em Douma, nos arredores de Damasco, na Síria, apresentaram "sintomas consistentes com a exposição a químicos tóxicos".
Numa declaração citada pela agência Reuters, a agência das Nações Unidas refere que os pacientes assistidos nos serviços de saúde mostravam "sinais de irritação severa das mucosas, falência respiratória e perturbação do sistema nervoso central", após o ataque de sábado.
A organização também cita relatos sobre a morte de mais de 70 pessoas em abrigos subterrâneos e afirma que 43 dessas vítimas manifestavam sinais "consistentes com a exposição a químicos altamente tóxicos".
A OMS condena o alegado ataque químico do regime de Bashar al-Assad e pede acesso livre a Douma para assistir as vítimas.