ONU aponta Brasil como maior mercado de cocaína na América do Sul - TVI

ONU aponta Brasil como maior mercado de cocaína na América do Sul

  • CE
  • 27 jun 2019, 07:15
Cocaina

Brasil tem quase 1,5 milhões de consumidores de cocaína e crack. Colômbia, Peru e Bolívia, países da região dos Andes, são os maiores produtores de cocaína da América do Sul e, devido à proximidade geográfica e às fronteiras, têm o Brasil como destino final de consumo da droga, mas também país de trânsito no tráfico para outros continentes

O Brasil é o maior mercado de cocaína na América do Sul, de acordo com um relatório global apresentado na quarta-feira pela agência das Nações Unidas para as Drogas e Crime (UNODC).

Com quase 1,5 milhões de consumidores de cocaína e crack no ano passado, o Brasil é atualmente o maior mercado de cocaína na América do Sul”, escreve o relatório do UNODC no capítulo das Drogas Estimulantes.

O relatório foi apresentado na quarta-feira em Nova Iorque, nos Estados Unidos, na sede da Organização das Nações Unidas.

Colômbia, Peru e Bolívia, países da região dos Andes, são os maiores produtores de cocaína da América do Sul e, devido à proximidade geográfica e às fronteiras, têm o Brasil como destino final de consumo da droga, mas também país de trânsito no tráfico para outros continentes.

As autoridades do Paraguai, por exemplo, deram a informação de que em 2017, 77% da produção nacional da erva de canábis foi destinada ao Brasil.

O Brasil é também identificado neste relatório como o país de remessas mais frequentes de cocaína para Ásia e África entre 2013 e 2017, sendo, neste caso, um país de trânsito no tráfico de cocaína produzida na região dos Andes.

No relatório, feito a partir de dados disponibilizados pelos Estados-membros da ONU, indica-se que “o Brasil é o país de trânsito mais mencionado pelos Estados-membros nas remessas de cocaína destinadas à Ásia (todas as sub-regiões) no período 2013-2017”.

Também de acordo com a informação dada pelos Estados-membros, “a maior parte da cocaína traficada para a África parece ter partido do Brasil, seguida por Colômbia, Bolívia e Peru”.

O tráfico de cocaína para a Ásia parece ocorrer principalmente por meio aéreo, com exceção para a China, um país para o qual a maior parte da cocaína é traficada por mar. Os países de remessa de cocaína contrabandeada para a China mais mencionados no período 2013-2017 foram Brasil e Colômbia”, pode ler-se no relatório.

Ao observar-se um gráfico de mapa, que faz uma estimativa das rotas de tráfico através do volume de droga detida, o Brasil tem uma seta de envio mais volumosa para a Europa Central e Ocidental, onde se inclui Portugal.

Brasil é também um dos maiores quatro países do mundo produtores de fármacos psicotrópicos da classe benzodiazepina.

O relatório avança que o conjunto formado por Itália, Índia, China e Brasil, em ordem decrescente de quantidades manufaturadas, fabricou 85% dos benzodiazepínicos em 2017.

Em termos de quantidade, o maior volume de cocaína continua a ser apreendida no continente americano, que contou 90% das apreensões de cocaína feitas em todo o mundo em 2017.

Nesse ano, a maior quantidade de cocaína foi apreendida na América do Sul, tendo sido 38% da quantidade total do mundo encontrada na Colômbia, 7% no Equador, 4% no Brasil e 3% na Venezuela.

Presente na apresentação do relatório, o conselheiro da missão de representação do Brasil junto da ONU, Ricardo Monteiro, relembrou a declaração ministerial da 62.ª sessão da Comissão de Drogas e Narcóticos como um importante acordo a implementar para combater o tráfico.

A missão permanente do Brasil junto da ONU declarou que o país quer combater o tráfico de droga, tendo em vista o respeito dos direitos humanos e dando ênfase à perspetiva social e da saúde.

Para o Brasil, “é fundamental reconhecer que o uso de drogas é um problema de saúde pública”, pelo que é preciso apostar na formação profissional dos prestadores de serviços de saúde, melhorar as condições de tratamento e acesso a cuidados de prevenção da SIDA, afirmou Ricardo Monteiro.

Sublinhamos as vulnerabilidades associadas com o consumo de droga, particularmente as experienciadas pelas mulheres”, disse o conselheiro do Brasil, acrescentando que é importante combater a discriminação sobre os consumidores de drogas.

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