Num artigo de opinião publicado no diário francês "Le Monde", coassinado pelos antigos comissários europeus António Vitorino e Pascal Lamy, Jacques Delors, considerado um dos principais atores do aprofundamento da integração europeia, sublinha a necessidade de “honrar a cooperação e a solidariedade” na União Europeia (UE).
O político socialista francês, que nos três mandatos cumpridos à frente da Comissão Europeia (1985-1995) foi nomeadamente responsável pelas reformas que permitiram criar a União Económica e Monetária, propõe um plano de resgate da Grécia com três vertentes.
“Em primeiro lugar, uma ajuda financeira razoável que permita à Grécia restaurar a sua solvência a curto prazo. A seguir, uma mobilização dos instrumentos da UE para reanimar a economia helénica e fazê-la regressar ao crescimento (…). Finalmente, colocar rapidamente na agenda a análise do peso da dívida grega e das dívidas dos outros ‘países sob-programa’.”
“Só um plano global assim pode abrir perspetivas de esperança e de mobilização para o povo grego e as suas autoridades e, dessa forma, comprometê-los com o esforço de reconstrução de que o país precisa e de que a UE beneficiará.”
Delors, Lamy e Vitorino sublinham no texto que “o problema da Grécia não é apenas nacional” porque “tem e terá efeitos em toda a Europa”, pelo que a questão não se limita “a medir as consequências económicas e financeiras”, mas de “perceber a evolução da Grécia numa perspetiva geopolítica, como um problema europeu”.
Na véspera do referendo que pode determinar o futuro do país helénico, os eleitores, que vão decidir se aprovam ou rejeitam as medidas de austeridade exigidas pelos credores, continuam divididos e o clima de tensão mantém-se e enche as páginas dos jornais.
O governo grego voltou a atacar os responsáveis europeus. Numa entrevista ao "El Mundo", o ministro das Finanças Yanis Varoufakis foi duro e perentório, afirmando que o que estão a fazer com a Grécia é "terrorismo" e alertou que uma saída da Grécia da zona euro afetará toda a Europa.
Já o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, admitiu que a Grécia pode sair temporariamente da moeda única, numa entrevista ao "Bild". Shauble considera que, no domingo, os gregos podem estar a escolher entre o euro e o dracma.
Entretanto, o presidente do Parlamento Europeu (PE), Martin Schulz, disse estar a avaliar a possibilidade de créditos de emergência para a Grécia para evitar uma crise humanitária. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal "Welt am Sonntag". Segundo Schulz, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, conduziu o país a um beco sem saída, “mas as pessoas não têm culpa disso”.