Um milhão de vozes contra Mubarak - TVI

Um milhão de vozes contra Mubarak

ElBaradei diz que presidente deve deixar o país para evitar derramamento de sangue. EUA reconhecem que já falaram com rosto da oposição com vista à «transição» de regime. Presidente terá dito que não se recandidata ao cargo e esta noite fará uma declaração ao país

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Última actualização às 19:01

Pelo menos um milhão de pessoas saiu às ruas do Cairo e de outras grandes cidades egípcias esta terça-feira para pedir o fim do regime liderado pelo presidente Hosni Mubarak. O chefe de Estado está cada vez mais sob pressão para deixar o cargo, e já terá anunciado que não se recandidata. Esta noite fará uma comunicação ao país . Os EUA, por sua vez, reconheceram estar em conversações com Mohamed ElBaradei, com vista a uma transição pacífica de regime.

Numa mensagem transmitida através da rede social Twitter, o principal porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, P. J. Crowley, revelou que a embaixadora dos EUA no Cairo, Margaret Scobey, «falou hoje com Mohamed ElBaradei», no âmbito do «apoio a uma transição ordeira no Egipto».

ElBaradei, Nobel da Paz em 2005 e antigo director da Agência Nacional de Energia Atómica, apelou esta terça-feira ao presidente do Egipto, Hosni Mubarak , que abandone o cargo para evitar mais derramamento de sangue e saia do país, em declarações à cadeia televisiva Al Arabiya.

ElBaradei defendeu ainda a saída do actual chefe de Estado para que se possa iniciar um processo de diálogo com o governo para o futuro do país.

Apesar do recém-nomeado vice-presidente do país, Omar Suleiman, ter dito esta segunda-feira à noite que foi encarregado de iniciar uma fase de diálogo com a oposição , a Irmandade Muçulmana rejeitou esta possibilidade, de acordo com a Al Jazeera.

Um dos partidos mais antigos da oposição, o Wafd, anunciou que movimentos da oposição anunciaram a formação de uma «frente nacional» , para fazer frente ao momento actual.

Apesar de não haver dados oficiais sobre o número de pessoas que morreram durante os protestos, a Reuters conta pelo menos 140. Porém, esta terça-feira, a comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que, segundo dados compilados com base em informações de organizações não governamentais, o número de mortos nos protestos poderá chegar aos 300 , ainda que estes números careçam de confirmação.

Mais de um milhão na Praça Tahrir

As manifestações que pedem a demissão de Mubarak iniciaram-se há uma semana. Para esta terça-feira, foi feito um apelo para a realização de um grande protesto, com o objectivo de juntar um milhão de pessoas na Praça Tahrir, no Cairo.

Este número terá sido ultrapassado, de acordo com a estação televisiva Al Jazeera, que tem feito uma cobertura ininterrupta desta crise, e na última avaliação fala em dois milhões de manifestantes. No local, foram montadas tendas e distribui-se comida. Foram também erguidos ecrãs gigantes, com a transmissão em directo da Al Jazeera.

O enviado especial da TVI ao Cairo, Miguel Cabral de Melo, relatava esta manhã que eram visíveis longas colunas de pessoas em direcção à praça.

Apesar da elevada presença de militares nas ruas, onde estão montados postos de controlo, não é visível qualquer atitude hostil dos militares para com a população.

O exército havia garantido esta segunda-feira que não usaria a força contra os manifestantes e que reconhecia a «legitimidade» dos protestos.

A Reuters dá conta que os protestos no Egipto se fizeram sentir de forma intensa em várias outras cidades, além da capital, como Alexandria e Suez. Os repórteres da agência estimam que pelo menos um milhão de pessoas saiu às ruas.

No centro do Cairo, a Praça Tahrir continua repleta de manifestantes, já depois da noite se ter abatido sobre a cidade.
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