Brasil escolhe sucessor de Dilma - TVI

Brasil escolhe sucessor de Dilma

  • Redação
  • Manuela Micael e Verónica Ferreira
  • 5 out 2014, 10:00
Último debate entre candidatos à presidência do Brasil

… que pode ser precisamente Dilma Rousseff. A candidata do Partido dos Trabalhadores é a melhor posicionada nas sondagens. Mas as eleições presidenciais deste domingo são já tidas como as mais incertas e competitivas desde 1989, ano em que Collor venceu Lula numa segunda volta que se decidiu praticamente no último dia de campanha

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Tudo está em aberto nas eleições presidenciais do Brasil este domingo. Dilma Rousseff, a candidata do PT (Partido dos Trabalhadores), aparece destacada nas sondagens, mas pode não ganhar logo à primeira volta. Para isso, necessita de 50 por cento dos votos válidos mais um. As sondagens atribuem-lhe agora cerca de 40 por cento das intenções de voto. 


Veja aqui os perfis dos candidatos presidenciais


«Apesar de as pesquisas apontarem uma tendência de distanciamento de Dilma em relação à soma de intenção de voto de seus adversários, o cenário mais provável é o de realização de segundo turno», diz ao tvi24.pt Paulo Leal, analista político e professor na Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais.

«Se tomarmos como base, por exemplo, as duas últimas eleições presidenciais, o número real de votos válidos nas urnas dos primeiros colocados nas pesquisas foi menor do que o apontado pelas enquetes. Portanto, mesmo que uma vitória de Dilma em primeiro turno não seja impossível - ela estaria hoje a uns cinco pontos percentuais de consegui-lo -, essa não é maior probabilidade», acrescenta o especialista. 


Não é provável mas é possível a vitória de Dilma logo à primeira volta. Mas se a segunda volta é quase certa, incerto é o adversário de Dilma, nesse eventual segundo turno. Marina Silva (PSB – Partido Socialista Brasileiro) começou por se destacar e constituir uma grande ameaça a Dilma Rousseff, mas tem vindo a decair nas sondagens. Chegou a ter mais 20 por cento nas intenções de voto do que o candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Aécio Neves. Mas Aécio tem subido nas sondagens e, na Datafolha divulgada esta quinta-feira, estão agora com apenas três por cento de diferença.

Paulo Leal considera mesmo que a luta de Marina Silva, este domingo, não é com Dilma. « O voto de Marina hoje disputa espaço com o de Aécio, não com o de Dilma», diz o especialista consultado pelo tvi24.pt

Segunda volta entre Dilma e Marina

Tem sido este o cenário apontado como o mais provável pelas sondagens. As últimas sondagens do Datafolha, encomendadas pela TV Globo e pelo «Folha de São Paulo», num cenário hipotético de uma segunda volta entre Marina e Dilma, dão a vitória à candidata do PT, com 48 por cento das intenções de voto contra 41.

Já a última sondagem do Ibope, divulgada na quinta-feira, coloca Dilma com 43 por cento das intenções de voto e Marina com 36. 


Mas Marina Silva fez saber na quinta-feira que tentará uma aproximação com o PSDB de Aécio, no caso de ser ela a disputar a segunda volta com Dilma Rousseff. De acordo com o «Folha de São Paulo», a candidata do PSB terá dito que quer mesmo ser ela a liderar essa aproximação. Este dado pode mudar tudo neste cenário hipotético.


Segunda volta entre Dilma e Aécio

Com a subida do neto de Tancredo Neves nas sondagens, é um cenário possível. O candidato do PSDB pode mesmo incomodar a candidata à reeleição. Os últimos números divulgados pelo Ibope, na terça-feira, atribuem ao candidato do PSDB 35 por cento das intenções de voto e dão a vitória a Dilma, com 45 por cento.

Os números da Datafolha de quinta-feira diminuem a distância entre os dois candidatos, neste cenário hipotético, mas dão mais certezas a Dilma Rousseff, já que lhe atribuem 46 por cento das intenções de voto, contra 33 por cento de Aécio.



De referir que os números se referem a intenções de voto e não votos válidos (que excluem os votos em branco e os nulos). «As pesquisas não conseguem captar perfeitamente fenómenos como a abstenção (eleitores que na prática não comparecem à votação) ou a anulação involuntária de votos na urna eletrónica (e o voto para presidente é o último da sequência)», lembra Paulo Leal.

Segunda volta entre Marina e Aécio

Um cenário pouco provável é o de uma segunda volta disputada entre Aécio Neves e Marina Silva. É pouco provável que Dilma Rousseff saia assim de cena.

Ainda assim, foi um dos cenários traçados pelo último Ibope, divulgado na quinta-feira. Se isso acontecer, diz a sondagem que Marina Silva deve vencer, mas com uma margem curta: ela tem 38 por cento das intenções de voto, contra 33 atribuídas a Aécio Neves.

Mas com as pesquisas a aproximarem Aécio de Marina, a acontecer este cenário, a incerteza sobre o futuro presidente do Brasil é ainda maior.

Voto de protesto pode baralhar as contas

Um fator que pode baralhar em muito as contas dos votos é o chamado voto de protesto. Um fenómeno que pode ajudar a explicar a proliferação de candidatos mais populares ou mesmo figuras caricatas – o chamado «fenómeno Tirica». 



O voto de protesto já elegeu um rinoceronte, um macaco e até mesmo um mosquito para cargos políticos no Brasil. Embora seja mais significativo nas eleições para deputados federais e estaduais, também nestas eleições presidenciais pode determinar cada um dos cenários anteriores.

Isto porque os eleitores descontentes podem votar num dos oito candidatos sem expressão nas intenções de voto nas sondagens e assim mostrar indignação contra um dos três presidenciáveis. Este voto de protesto prejudicará sobretudo Dilma. Prevê-se que, juntos, os oito candidatos além de Dilma, Marina e Aécio tenham cerca de quatro ou cinco por cento dos votos. Uma percentagem que pode fazer falta a Dilma para reeleição. 


Entenda o sistema de voto no Brasil


Este voto de protesto deve ser disputado entre dois candidatos: Eduardo Jorge (PV – Partido Verde) e Luciana Genro (PSOL – Partido Socialismo e Liberdade). Sobretudo o eleitorado jovem está muito atento a estes dois candidatos.

Eduardo Jorge cedo se insurgiu nas redes sociais contra esta questão e assegura que o seu voto não é de protesto. 




A última semana de campanha ficou, definitivamente, marcada pelas polémicas declarações do candidato Levy Fidelix sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Fidelix diz-se contra o casamento entre homossexuais e sublinha que «aparelho excretor não reproduz»


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