Irão: sete mortos em protesto - TVI

Irão: sete mortos em protesto

Conselho dos Guardiões anuncia recontagem dos votos, mas rejeita anulação das eleições

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Actualizada às 11h00

Pelo menos sete manifestantes morreram esta segunda-feira em Teerão nos protestos que juntaram centenas de milhares de iranianos que contestaram o resultado das eleições da passada sexta-feira. As acusações de fraude eleitoral levaram já as autoridades a revelarem, esta terça-feira, que estão prontas para iniciar a recontagem dos votos.

Obama «preocupado» com situação no Irão



O anúncio foi feito pela televisão estatal que revela ainda que a recontagem dos votos pode levar a uma nova leitura dos resultados. O candidato derrotado nas eleições presidenciais, Mir Hossein Mussavi, juntou-se no dia de ontem a centenas de milhares de pessoas que saíram à rua numa manifestação proibida que acabou com feridos, mortos e detidos. Moussavi disposto a novas eleições

Os manifestantes terão atacado um posto militar e acabaram por perder a vida. De acordo com a rádio oficial de informação «Rádio Payam» o incidente foi descrito como «vários vadios» que tentaram atacar militares». A mesma notícia admite que além das vítimas mortais, várias pessoas ficaram também feridas.

Novo dia de protestos

Entretanto para esta terça-feira estão marcadas mais protestos para a capital iraniana. Apoiantes do Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e do ex-candidato às presidenciais de sexta-feira Mir Hossein Mussavi convocaram manifestações para o mesmo local do centro de Teerão, com duas horas de diferença.

Tudo começou com os apoiantes de Mussavi a apelarem segunda-feira à noite para uma concentração às 17:00 de hoje (12:30 em Lisboa), na Praça Vali Asr, num clima de tensão acrescida pela morte de sete manifestantes. Horas depois, já hoje de manhã, a agência noticiosa Irna anunciava a realização de uma manifestação pró-Ahmadinejad no mesmo local, mas duas horas antes.

A viagem «surpreendente» de Mahmud Ahmadinejad

O embaixador de Portugal em Teerão, José Moreira da Cunha, já considerou «surpreendente» a viagem do Presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, à Rússia quando o Irão vive uma «crise de grande tensão política e social».

José Moreira da Cunha disse, à Lusa, que a saída do país do Presidente Ahmadinejad, para participar numa reunião na Rússia, pode também ser uma «atitude de desvalorização dos acontecimentos». «A situação é muito tensa [no país]. Ele acha que provavelmente não é assim tão tensa e saiu», referiu.

Sobre a manifestação pró-Moussavi ocorrida segunda-feira, em Teerão, o embaixador português contou que «o dia de ontem foi muito agitado devido à manifestação promovida pelo candidato Moussavi, apesar de ter sido proibida pelo Ministério do Interior. Pelo que se diz aqui, estiveram presentes mais de um milhão de pessoas e o outro candidato Mehdi Karoubi», contou.

«Fecho-me em casa e não posso sair»

O diplomata português contou ainda que as ligações telefónicas com o exterior e mesmo no próprio país estão muito difíceis. «Durante este período de agitação que se tem vivido aqui, as ligações têm sido cortadas ou suspendidas. Os telefones, a Internet, às vezes também corte de luz. A comunicação é muito difícil com o exterior e mesmo aqui dentro», afirmou à Lusa.

O embaixador português em Teerão contou ainda que não reforçou a sua segurança, mas que passou a ter mais cuidados especiais. «Teerão é uma cidade muito movimentada. Eu agora, a partir das 10:00 da tarde, fecho-me em casa e não posso sair. Peço às pessoas das minhas relações para fazerem o mesmo», referiu.

O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Hirofumi Nakasone, manifestou-se hoje «extremamente inquieto» face à situação no Irão, após a publicação de informações que fazem estado de sete mortes em violências pós-eleitorais.
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