Taur Matan Ruak é o novo presidente de Timor-Leste - TVI

Taur Matan Ruak é o novo presidente de Timor-Leste

Timor-Leste: eleições sem problemas - EPA/ANTONIO DASIPARU

Derrotou por quase 100 mil votos o seu adversário Francisco Guterres Lu Olo

O general e antigo chefe das Forças Armadas de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, foi eleito o novo presidente da República timorense, derrotando por quase 100 mil votos o seu adversário Francisco Guterres Lu Olo, avança a agência Lusa.

Contados mais de 90 por cento dos votos, Taur Matan Ruak lidera com 61,20 por cento das preferências ao arrecadar 274.429 votos, enquanto Francisco Guterres Lu Olo obteve 174.019 votos.

De acordo com os dados oficiais entre os eleitores timorenses ¿ pouco mais de 600.000 pessoas ¿ 72,9 por cento exerceram o seu direito de voto tendo a abstenção atingido os 27,1 por cento.

O novo Presidente de Timor-Leste acredita que conseguirá replicar na política a «transição bem sucedida» que conduziu nas Forças Armadas e não deixará que o país se descontrole, como aconteceu na Guiné-Bissau.

O general e antigo chefe das Forças Armadas de Timor-Leste, 56 anos, quer ser um exemplo para os mais novos. «Acredito nos jovens que estão aqui», afirmou, a 08 de fevereiro, após anunciar a sua candidatura às presidenciais, que acaba de vencer à segunda volta contra outro antigo guerrilheiro, Francisco Lu Olo Guterres, apoiado pela Fretilin, e de ter destronado, na primeira volta, o Presidente em funções, José Ramos-Horta, Nobel da Paz em 1996.

Taur Matan Ruak foi o último comandante das Forças Armadas para a Libertação e Independência de Timor-Leste (Falintil). Com a restauração da independência, a 20 de maio de 2002, foi promovido a major-general e nomeado chefe das Forças Armadas timorenses.

Nascido em Baguia, distrito de Baucau, José Maria Vasconcelos, posteriormente Taur Matan Ruak, é o mais velho de oito irmãos. Casado e pai de três filhos, é ironicamente ¿ como o próprio confessou numa entrevista à revista Visão, em 1999 - filho de um partidário da APODETI (pró-indonésio), que depois se tornou nacionalista, quando começou a levar pancada da polícia por causa das atividades do filho guerrilheiro.

Ativo defensor dos direitos dos trabalhadores, foi várias vezes a tribunal até ao 25 de Abril de 1974 e ao posterior fim do domínio colonial português.

Após a invasão da Indonésia, em 1975, fugiu para as montanhas e juntou-se ao então recentemente formado exército das Falintil.

Taur Matan Ruak participou como guerrilheiro em batalhas contra o exército indonésio em Díli, Aileu, Maubisse, Ossu, Venilale, Uatulari ou Laga e a sua primeira nomeação oficial foi feita após a reunião do Conselho Superior do Setor Centro-Leste, em Venilale, no final do ano de 1976.

Em 1979, na sequência de sérios reveses nas forças de resistência, foi-lhe atribuída a tarefa de reagrupar as Falintil da região leste e localizar sobreviventes de uma companhia.

Nessa altura, foi traído e capturado pelos militares indonésios. Após 23 dias na prisão, fugiu e juntou-se de novo às Falintil nas montanhas.

Em 1981, foi um dos criadores do Conselho Nacional da Resistência Revolucionária e tornou-se adjunto do Estado Maior das Falintil, sob o comando do líder histórico Xanana Gusmão.

A 20 de agosto de 2000, Xanana Gusmão demitiu-se das Falintil e Taur Matan Ruak assumiu a chefia total. O general Taur Matan Ruak apresentou a demissão do cargo de Chefe do Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste em setembro de 2011, para «ser livre» de se candidatar às presidenciais deste ano.

Tal como Xanana Gusmão, primeiro Chefe de Estado de Timor-Leste, despiu a farda para se entregar ao exercício da política, mas diz que «metade do coração» ficou com os seus camaradas militares de anos. «Despendi 35 anos com eles. Entrei com 19 anos e saí com 55. Deixo metade do meu coração com eles. Adoro-os e guardo saudades imensas deles e até à morte nunca os vou esquecer», afirmou, na cerimónia de despedida. Foi o «amor» que diz sentir pelo país que o levou a candidatar-se às presidenciais.
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