O ministro dos Negócios Estrangeiros afegão, Amir Khan Mutaqqi, pediu esta sexta-feira à comunidade internacional “mais cooperação” em benefício de reformas exigidas no Afeganistão, lembrando que os últimos 20 anos demonstraram que a pressão não produz resultados.
Em relação às reformas que a comunidade internacional exige de nós, trabalhemos para alcançá-las através da cooperação, não da pressão”, defendeu Mutaqqi, que se encontra desde quarta-feira em Islamabade para uma visita oficial de três dias.
Muttaqi, que efetua a primeira visita oficial dos talibãs ao Paquistão desde que tomaram Cabul, a 15 de agosto, lembrou que as táticas de pressão “não produziram nenhum resultado nas últimas duas décadas e não o farão agora”.
Isso significa que as lições do passado não foram aprendidas”, disse o chefe da diplomacia afegã durante uma conferência no Instituto de Estudos Estratégicos de Islamabad.
Muttaqi destacou que o Afeganistão não quer que o país se transforme num tabuleiro de jogo para as grandes potências e destacou que somente o esforço conjunto pode levar à estabilidade num Estado que vive atualmente uma grave crise económica.
Sobre o Paquistão, o ministro dos Negócios Estrangeiros afegão afirmou que espera manter “relações boas e saudáveis” com o país, já que a instabilidade em Cabul afeta Islamabade e vice-versa, pelo que os dois Estados não vão permitir que nenhum grupo use o território afegão para atacar o outro.
Islamabad acolheu esta semana a chamada “troika aumentada”, integrada por Rússia, China, Estados Unidos e Paquistão, onde se concordou em manter um “compromisso prático” com os talibãs para ajudar a estabilidade regional, apesar das exigências ao regime de Cabul, como a necessidade de formar um governo inclusivo.
No início da reunião, o Paquistão, que ainda não reconheceu oficialmente o governo provisório dos talibãs, defendeu uma posição próxima de Cabul, deixando clara a postura favorável e incondicional ao novo regime.
Qatar vai passar a representar interesses dos EUA no Afeganistão
Esta sexta feira ficou marcada pelo anúncio dos Estados Unidos de que será o Qatar o representante dos interesses do país no Afeganistão, em virtude do encerramento da embaixada norte-americana em Cabul, na sequência da tomada do poder pelos talibãs, em agosto.
Após receber em Washington o homólogo do Qatar, Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, assinou um acordo que prevê o estabelecimento de um departamento dedicado aos interesses dos Estados Unidos na embaixada do Qatar em Cabul.
Os Estados Unidos estão “gratos” pela “liderança e apoio” do Qatar em relação ao Afeganistão, disse Blinken, ladeado por Al-Thani.
O Qatar, que abriga atualmente uma importante base militar dos Estados Unidos, desempenhou um papel crucial no fim da intervenção norte-americana no Afeganistão, tanto em termos diplomáticos quanto logísticos, para as operações de retirada.
Desde que os talibãs chegaram ao poder, em agosto, as operações consulares norte-americanas no Afeganistão já tinham começado a partir do Qatar.
Segunda-feira, o enviado dos Estados Unidos para o Afeganistão, Thomas West, sublinhou que a reabertura da embaixada norte-americana em Cabul não está a ser considerada.
Os Estados Unidos, como o resto da comunidade internacional, não reconheceram o Governo instituído pelos talibãs em meados de agosto no Afeganistão, em plena retirada total das forças norte-americanas que os combateram durante 20 anos.
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