Emmanuel Macron: "Não cederemos ao medo, à divisão" - TVI

Emmanuel Macron: "Não cederemos ao medo, à divisão"

  • Atualizada às 10:00 de segunda-feira
  • 7 mai 2017, 18:58

Novo presidente francês confessa conhecer "a grande ira, ansiedade, dúvida" de muitos franceses, mas promete "defender a França, a sua imagem... e a Europa".

O centrista Emmanuel Macron foi eleito com 66,10% dos votos, contra 33,90% da candidata de extrema-direita Marine Le Pen, revelam esta segunda-feira os resultados oficiais finais da segunda volta das eleições presidenciais francesas.

Aclamado por milhares na praça do Louvre, em Paris, Emmanuel Macron fez na noite de domingo o seu segundo discurso, após ter sido eleito novo presidente de França. Aí, uma vez mais, apelou à união dos franceses, mesmo aqueles que, reconheceu, não se reviram nas suas propostas.

Não cederemos nada ao medo, à divisão, à mentira, nem à ironia", disse Macron aos apoiantes.

Na praça do Louvre, voltou a considerar que a tarefa de todos os franceses para os próximos cinco anos "é imensa".

É necessário moralizar a vida pública, de defender a nossa vitalidade democrática, de reforçar a nossa economia, de construir novas proteções neste mundo que nos rodeia, de dar um lugar a qualquer um, de refundar a nossa Europa e de assegurar a segurança de todos os franceses", enumerou Macron.

Perante os milhares, tal como na primeira declaração na sede de candidatura, Macron não esqueceu uma palavra para os que não o apoiaram incondicionalmente.

Quero também esta noite ter uma palavra para os franceses que votaram em mim sem ter as minhas ideias. Vós comprometeram-se, mas sei que isso não significa um cheque em branco. Conheço as vossas divergências, mas serei fiel aos meus comprimissos. Defenderei a República", salientou o novo presidente francês.

"Saudação republicana" a Le Pen

Antes do discurso popular de vitória, Emmanuel Macron, o novo e mais jovem presidente de França, apelara tamabém à união do país que se mostrou dividido, como o próprio assumiu, apesar de ter vencido a candidata Marine Le Pen.

Com uma abstenção recorde, a rondar os 25%, as projeções e a contagem dos votos dão valores na ordem dos 66 % a Macron, contra os  34% da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.

Nesta segunda volta, a taxa de abstenção terá rondado os 25%, um valor recorde face aos 21,7% registados na primeira volta.

Sei a cólera, a ansiedade, as dúvidas que muitos de vós exprimiram", confessou Macron nas primeiras palavras como vencedor das presidenciais.

Assumindo a "grande responsabilidade" de presidir nos próximos cinco anos a um dos mais importantes países da Europa e do mundo, Macron referiu tencionar "ter todo o cuidado e energia para ser digno da vossa confiança".

Enviando uma "saudação republicana à adversária, Marine Le Pen", Macron assinalou que os franceses são "herdeiros de uma grande história e de uma grande mensagem humanista enviada ao mundo".

"Vanguarda da luta contra terrorismo"

Nas primeiras palavras, Emmanuel Macron salientou ainda o papel internacional de França, dizendo-se pronto a "retecer a ligação entre a Europa e as pessoas que a fromam, entre a Europa e os seus cidadãos".

A França vai estar atenta à paz, à cooperação internacional. E digo a todos que a França vai estar na vanguarda da luta contra o terrorismo", referiu ainda Macron, qua saudou ainda o seu antecessor François Hollande, acrescentando que "durante cinco anos, a responsabilidade será a de reunir todas as mulheres e todos os homens prontos a enfrentar os desafios que nos esperam".

Festa no Louvre

Na praça do Louvre, desde o final da tarde, milhares de pessoas estão concentradas para festejar a vitória de Macron.

Meia hora antes do fecho das urnas, começaram a ser distribuídas pequenas bandeiras de França e camisolas com as cores do movimento "En Marche!", criado por Macron para sustentar a sua candidatura.

Segunda-feira, 8 de junho, feriado em França para assinalar a capitulação da Alemanha nazi na II Guerra Mundial, em 1945, espera-se que o eleito Macron esteja nas cerimónias oficiais com o ainda presidente François Hollande.

Le Pen telefonou a Macron

Cerca de dez minutos após o fecho das urnas, a candidata da Frente Nacional de extrema-direita, Marine Le Pen, anunciou ter telefonado a Macron, felicitando-o e desejando-lhe "toda a sorte".

Os franceses votaram pela continuidade", afirmou Le Pen, na declaração em que assumiu a derrota.

Marine Le Pen agradeceu ainda aos "11 milhões de franceses" que lhe confiaram o seu voto.

Adiantou ainda a sua vontade de criar um novo movimento centrado na Frente Nacional.

A Frente Nacional tem de se renovar profundamente para aumentar esta histórica oportunidade e ir ao encontro das expetativas das pessoas", declarou Marine Le Pen, convidando todos "os patriotas franceses" a se lhe juntarem.

A líder da extrema-direita francesa saudou o “resultado histórico e maciço” do seu partido, que terá uma nova batalha política em junho, nas legislativas francesas.

Abstenção também em Lisboa

Cerca de três mil franceses votaram no domingo em Lisboa na segunda volta das presidenciais, menos do que na primeira volta, segundo disse à agência Lusa o embaixador francês, que reconheceu dificuldades em evitar a formação de filas no exterior da Embaixada.

Ao final da manhã, junto à embaixada francesa em Lisboa, os eleitores franceses esperavam cerca de uma hora numa longa fila no exterior do edifício. A mesma situação ocorreu na embaixada francesa na primeira volta das eleições, que decorreu em 23 de abril.

O embaixador de França em Portugal, Jean-Michel Casa disse que a Embaixada tentou "melhorar o dispositivo entre a primeira e a segunda volta, nomeadamente para evitar filas longas na rua", mas admitiu que houve "uma grande concentração dos eleitores perto da hora do almoço.

Grande parte das pessoas vem entre o meio-dia e as 15:00 ou durante a manhã, para ter a tarde livre, e cria-se uma grande concentração", afirmou.

Sobre a participação da comunidade francesa, o diplomata disse ter sido inferior à da primeira volta, quando 3.336 franceses votaram na embaixada francesa em Lisboa.

A participação foi menos forte do que na primeira volta, mas aconteceu um pouco por todo o lado", disse, recordando que algumas forças políticas apelaram à abstenção.

Ainda assim, considerou que "a comunidade francesa votou de forma importante. Cerca de 3.000 franceses em 9.000 inscritos votaram em Lisboa", que abrange cerca de dois terços do território de Portugal continental.

O embaixador disse desconhecer por enquanto a participação no Porto, onde na primeira volta votaram 954 dos mais de 4.000 inscritos.

É uma taxa de participação importante. Podíamos esperar melhor, mas foi o resultado", concluiu.

Um terço dos franceses não escolheu

Os resultados finais do Ministério francês do Interior, divulgados esta segunda-feira de manhã, dão conta de uma abstenção de 25,44% , a mais alta numa segunda volta das presidenciais francesas desde 1969, como apontavam as projeções.

Trata-se de um registo mais elevado do que o da primeira volta, com 22,63% e o mais alto desde 1969, quando a abstenção chegou aos 31,4%, no confronto entre o gaulista Georges Pompidou e o centrista Alain Poher.

A juntar à elevada abstenção, o MInistério francês refere que houve um número recorde de votos brancos, 12%, e nulos, 6%, o que acarreta que cerca de um terço dos franceses preferiu não escolher.

 

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