O ex-vice-presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, destituído há duas semanas e apontado como sucessor de Robert Mugabe, que deixou o poder na terça-feira ao fim de 37 anos, deve regressar esta quarta-feira ao país, revelou o seu assistente pessoal.
O camarada Mnangagwa volta hoje”, disse Larry Mavhima em declarações à agência de notícias AFP.
“Ele vai chegar à base militar de Manyame [na capital, Harare] às 13:00 [11:00 em Lisboa]. Ele dirigir-se-á, de seguida, para o quartel-general do partido para um balanço, depois ao gabinete da presidência para outro ponto de situação”, detalhou o mesmo responsável.
Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, ganhou a alcunha de "o crocodilo" por ser implacável, calculista e discreto.
Mnangagwa entrou na vida política como ativista na luta contra o regime de "Apartheid" do governo da então Rodésia.
Foi dirigente da União Nacional Africana do Zimbabwe (ZANU) na luta contra o governo de Ian Smith e liderou um grupo de guerrilheiros responsável por atos de sabotagem nessa altura.
Em 1965, foi preso e chegou a ser condenado à morte mas teve a sentença alterada para dez anos de prisão por ter apenas 19 anos.
Partilhou a cela com Robert Mugabe e acompanhou o antigo presidente em muitos governos. Foi ministro da segurança nacional, das finanças e da defesa. Serviu como presidente do Parlamento e chegou à vice-presidência em 2014.
Em 2008, foi o responsável pelas eleições para a presidência e organizou a resposta violenta que manteve Robert Mugabe no poder, apesar da derrota na primeira ronda.
Emmerson Mnangagwa é um dos políticos mais ricos do país. Foi indiciado por corrupção. Foi alvo de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia e acusado por grupos de direitos humanos de liderar atos de repressão contra a oposição política.
Foi muitas vezes apontado como sucessor de Robert Mugabe num braço-de-ferro público com a primeira-dama.
Grace Mugabe iniciou uma campanha pública para denegrir o nome do vice-presidente que terminou com a destituição de Mnangagwa.
O exílio do veterano de guerra desencadeou protestos em todo o país que levaram ao afastamento de Grace de cargos públicos e à destituição de Mugabe depois de quase 40 anos no poder.