Um líder do grupo Ku Klux Klan ameaçou queimar a jornalista afroamericana Ilia Calderón, durante uma entrevista ao canal hispânico Univisión, em julho, no estado norte-americano da Carolina do Norte.
O porta-voz da Univisión, José Zamora, disse na terça-feira, à agência Efe, que a ameaça aconteceu quando Ilia Calderón deu uma entrevista, que será transmitida no domingo, no programa “Aquí y Ahora”.
No mês de julho, a jornalista enfrentou um dos maiores desafios da sua carreira. Foi até à propriedade de Chris Baker, líder dos “Loyal White Knights”, um braço do Ku Klux Klan, para uma entrevista.
Chris Barker disse à entrevistadora que era a primeira afroamericana que pisava o local onde o grupo supremacista se reúne regularmente.
Quando a entrevista foi marcada, o canal Univisión esclareceu que a jornalista era “de cor”, mas os supremacistas brancos achavam que se tratava de uma mulher de pele clara.
Ódio, raiva e um pouco de desconcerto também. Ele não imaginava quem era eu ou como eu era e a primeira coisa que me disse foi que eu era a primeira pessoa negra que pisava a sua propriedade."
O grupo Ku Klux Klan defende a supremacia branca sobre todas as raças e odeia pessoas de ascendência africana, judeus e imigrantes.
A entrevista ficou marcada por um ambiente muito tenso, com momentos de extrema violência verbal por parte de Chris Baker, que insultou Ilia Calderón e chegou mesmo a ameaçar queimar a jornalista. Em poucos minutos, a conversa transformou-se numa guerra de palavras.
Eu sabia que me iam tratar mal, mas nunca imaginei que fosse a este nível."
Chris Baker, que tem um historial de problemas com a lei, respondeu, de forma agressiva, às perguntas da entrevistadora sobre imigração, uso da violência e as acusações de racismo e ódio contra as minorias.
Enoja-me ver-te e a todos os do teu tipo que vejo todos os dias. Para mim és mongolóide”, afirmou o elemento do Ku Klux Klan, durante a entrevista.
Para Ilia Calderón, há um antes e um depois desta entrevista. A jornalista garante que “nunca tinha experienciado uma agressão pessoal tão profunda”.
O meu objetivo principal era poder viver esta experiência e contá-la, para que as pessoas entendam o que está na cabeça deles e saibam ao que se podem expor lá fora."