"Monstro" de gordura nos esgotos de Londres está cheio de bactérias perigosas - TVI

"Monstro" de gordura nos esgotos de Londres está cheio de bactérias perigosas

  • 24 abr 2018, 13:08

Análise à massa de detritos que vai entupindo o subsolo da capital inglesa mostrou a presença de micro-organismos potencialmente resistentes aos antibióticos como a listeria, campylobacter e E.coli

O "fatberg", o "monstro" de gordura que sistematicamente entope os esgotos, preocupando as autoridades londrinas, volta a mostrar mais uma das suas faces mais graves e preocupantes: há bactérias perigosas no meio da gordura acumulada, misturada com toalhetes, preservativos, pensos higiénicos, fraldas, cotonetes, além de resíduos de suplementos proibidos e drogas como cocaína e MDMA.

Esta terça-feira, o documentário "Fatberg Autopsy: Secrets of the Sewers" (Autópsia do Fatberg: Segredos dos Esgotos"), a ser emitido pelo canal de televisão Channel 4, promete mostrar em profundidade a gravidade do problema que ameaça os quase nove milhões de habitantes da capital inglesa.

Debaixo da zona conhecida por South Bank, bem no centro de Londres, o "fatberg" (que junta a palavra gordo - "fat" - com o sufixo "berg", utilizado, por exemplo, em iceberg) constitui um perigo dada a quantidade de bactérias perigosas acumuladas, que podem voltar para trás através das canalizações domésticas.

Risco de doenças

Antecipando o que o Channel 4 vai transmitir, o jornal The Guardian revela que o "fatberg" encontrado em South Bank será consideravelmente maior do que aquele que foi descoberto, quase por acaso, na zona de Whitechapel, o qual até já teve honras de museu: pelas estimativas, este "monstro de gordura" solidificado nos esgotos pesava o mesmo que onze autocarros de dois andares e teria um comprimento de dois a três campos de futebol.

Agora, o "fatberg" encontrado em South Bank, não só será maior, como revela o perigo das bactérias ali encontradas, potencialmente resistentes aos antibióticos:

  • listeria, causadora da listeriose, infecção que pode até provocar meningites;
  • campylobacter, responsável por muitas intoxicações alimentares;
  • E.coli, capaz de provocar gastroenterites ou infecções urinárias,

Segundo os especialistas envolvidos na análise feita a este novo "fatberg", as bactérias não só representam um risco imediato para quem trabalha nos esgotos, mas também para os habitantes de Londres, porque em caso do entupimento contínuo, há o risco das águas voltarem para trás pelas canalizações, causando inundações em residências e empresas.

Esgotos custam milhões 

Além do risco para a saúde pública, a manutenção e limpeza dos esgotos de Londres custa anualmente aos habitantes da cidade cerca de 90 milhões de libras, uns 102 milhões de euros, que são cobrados nas facturas da água.

Nós e outras companhias de água enfrentamos uma batalha constante para manter os esgotos do país limpos de "fatbergs" e outros entupimentos", assume Alex Saunders, diretor da companhia das águas Thames Water, que colaborou na análise aos detritos que o Channel 4 vai reveiar.

A análise feita ao novo "fatberg" revelou que a gordura de cozinha representa quase 90% da amostra, o que até tem levado as autoridades britânicas a tentarem que os cidadãos alterem alguns dos seus hábitos alimentares.

A autópsia ao "fatberg" também revelou evidências do contato dos britânicos com medicamentos e substâncias como a hordenina e ostarina, que representam mais de metade da proporção de produtos farmacêuticos encontrados na amostra recolhida. São compostos presentes nalguns suplementos desportivos, mas que estão na lista proibida da Agência Mundial Antidoping.

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