Na véspera de defrontar o PSG para os oitavos de final da Liga dos Campeões, o Barcelona recordou a primeira viagem da equipa ao estrangeiro. Aconteceu em maio de 1904, precisamente em terras gaulesas, mais precisamente em Toulouse, sul de França.
Uma viagem cheia de peripécias que durou 15 horas e que obrigou a formação blaugrana, fundada cinco anos antes, a utilizar três comboios, não obstante o facto de Toulouse ser uma cidade localizada no sul do país vizinho.
Alimentação metodicamente preparada, confortáveis quartos em hotéis eram cenários impensáveis para uma equipa de futebol da altura. Durante a viagem, jogadores e staff descansaram em bancos de madeira e levaram tortilhas e sandes de chouriço para matar a fome.
Numa das paragens pelo caminho, em Cerbère, cidade francesa banhada pelo Mediterrâneo e localizada junto à fronteira com Espanha, a equipa tinha planeado um jogo de futebol de praia, mas os planos saíram furados: a bola, a única que o Barcelona levara para França, tinha ficado esquecida no comboio.
As peripécias da equipa do Barcelona não ficaram por aqui. O conjunto blaugrana levou a melhor sobre o Stade Toulousain por 3-2, num jogo em que alcançou uma «épica» remontada a jogar com menos um jogador. A assistir ao encontro estiveram 3 mil espetadores. Números consideráveis, se tivermos em conta o modesto interesse que o futebol despertava na época e o elevado preço de 2 francos pago por cada bilhete, o que daria uma receita interessante para a equipa da casa, que se tinha comprometido a repartir os lucros com o emblema espanhol para que não fosse preciso pagar do próprio bolso o regresso à Catalunha, o que acabou por não acontecer.
Apesar do interesse que o jogo despertou, o emblema francês não conseguiu cumprir o que estava acordado e os jogadores do Barcelona tiveram mesmo de pedir dinheiro emprestado para conseguirem pagar a viagem de regresso a Espanha.
Outros tempos.