Covid-19: Lisboa volta atrás no desconfinamento. Outros países seguem o mesmo caminho - TVI

Covid-19: Lisboa volta atrás no desconfinamento. Outros países seguem o mesmo caminho

Alemanha, Espanha ou China voltaram atrás. Mas também há quem prossiga com o levantamento de medidas restritivas

A propagação do vírus Sars-cov-2 na região de Lisboa e Vale do Tejo obrigou o Governo e as autoridades de saúde a delinearem um plano com novas medidas restritivas. Além de prorrogar a situação de calamidade na zona envolvente da capital, António Costa aplicou, em conjunto com os autarcas de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra, medidas específicas para 19 freguesias daqueles concelhos.

Este foi um passo atrás dado em Portugal, necessário para conter a propagação da pandemia de Covid-19 numa das zonas que regista um dos mais elevados registos de casos diários em toda a Europa.

Portugal não é caso único, e tão pouco o é Lisboa. Aqui mesmo ao lado, na vizinha Espanha, já depois de ter saído do estado de emergência, o governo teve de fazer marcha-atrás, e já foram anunciadas restrições em algumas regiões.

Atualmente, Espanha tem 36 surtos de Covid-19 ativos, sendo que 24 não estão controlados. Uma das situações mais preocupantes é na província de Huesca, na comunidade autónoma de Aragão, onde foi detetado um surto no setor agrícola.

Naquela zona, as cidades de Cinca Medio, Bajo Cinca e La Litera voltaram à fase dois do desconfinamento. O diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências em Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Simón, alerta para a possibilidade de o problema se estender à província de Lleida, na região da Catalunha.

Cerca de 67 mil pessoas terão de voltar atrás, num retrocesso que é acompanhado por vários negócios. Os restaurantes voltam a ter limitação de ocupação a 50%, e os ajuntamentos voltaram a ser desaconselhados.

Perante uma tendência decrescente sustentada nas últimas semanas, o surgimento de novos casos nos últimos dias multiplicou entre 10 a 20 vezes a incidência naqueles três municípios. Supõe-se um aumento da transmissibilidade da doença na comunidade", refere a delegada de saúde de Aragão, Sira Repollés, citada pelo El País.

Apesar de afirmar que os surtos estão controlados, a vice-presidente do governo espanhol admite um regresso ao estado de emergência, até porque a atual figura legal não permite às autoridades agir coercivamente sobre eventuais desrespeitos pelas regras sanitárias.

Dos 108 novos casos registados nas últimas 24 horas em Espanha, 45 foram confirmados na região de Aragão.

Espanha tem 246.752 casos confirmados de Covid-19, dos quais 28.325 resultaram em vítimas mortais.

Reconfinamento na Alemanha

Tem menos de 100 mil habitantes, mas conta mais de 1.500 pessoas infetadas com o novo coronavírus. A cidade de Gütersloh, no estado da Renânia do Norte-Vestefália, entrou em confinamento depois de ter sido detetado um surto num matadouro do maior produtor de carne de porco da Alemanha.

O surgimento de vários casos na empresa Tönnies levou ao encerramento de creches, escolas, cinemas, ginásios e bares.

Apesar de as autoridades alemãs garantirem que a situação está controlada, o valor do R0 (indicador de pessoas contagiadas por cada infetada), está entre 2 e 3, quando o nível apontado como seguro é, no máximo, 1.

Surto de Covid-19 em matadouro na Alemanha

Já esta segunda-feira, as autoridades confirmaram o regresso de medidas restritivas para a cidade de Warendorf, que fica a cerca de 30 quilómetros de Gütersloh.

O chefe do partido CDU (o mesmo de Angela Merkel) para a região, Armin Laschet, admitiu ao Bild um regresso a "medidas que tinham sido aplicadas há algumas semanas".

As medidas de contenção naquela zona estão em vigor até ao final do mês de junho.

O surgimento de novos surtos está a colocar em risco vários setores da economia alemã, nomeadamente o do turismo. O estado de Schleswig-Holstein já informou que não vai aceitar turistas vindos da Renânia do Norte-Vestefália, a segunda região mais populosa da Alemanha.

A Renânia do Norte-Vestefália regista 41.418 casos desde o início da pandemia, e 1665 vítimas mortais.

A Alemanha regista um total de 190.862 casos diagnosticados de covid-19 e 8.895 óbitos.

Regressar ao ponto de partida

Foi ainda em dezembro que a China reportou os primeiros casos de Covid-19. O centro da doença era a região de Wuhan, que concentrou grande parte das infeções registadas no país. Pequim passou ao lado da pandemia, mas uma eventual segunda vaga ameaça entrar na China precisamente pela capital.

O governo chinês ainda não fala em segunda vaga, mas as medidas de contenção já recomeçaram a ser reforçadas, depois de detetado um surto que voltou a ter origem num mercado, tal como aconteceu em Wuhan. Desta vez foi no mercado de Xinfadi, em Pequim, responsável pelo abastecimento de cerca de 80% dos frescos da capital chinesa.

Segundo o último balanço, a China detetou 22 novos casos de infeção, 13 deles em Pequim, contabilizando 245 casos desde o início deste novo surto. As autoridades impuseram medidas restritivas nas zonas de maior risco e aumentaram a capacidade de execução de testes para um total de um milhão por dia.

Na Coreia do Sul, que é considerado um dos países com maior sucesso na gestão da pandemia, também já se fala em segunda vaga.

O primeiro-ministro, Moon Jae-in, admite que as medidas de confinamento podem regressar caso o número de novos casos diários não diminua rapidamente.

As autoridades sul-coreanas já falam mesmo em segunda vaga, a qual poderá ter surgido em maio, em Seul. A transmissão local ter-se-à dado, em grande parte, entre os jovens, sobretudo em festas realizadas em bares da capital.

O mesmo se aplica em Israel, e Benjamin Netanyahu já disse que "se não mudarmos imediatamente o nosso comportamento em relação ao uso de máscara e ao distanciamento social, teremos de ser nós [governo], contra a nossa vontade, a impor um regresso ao confinamento”.

A Nova Zelândia festejou o fim da pandemia, e a primeira-ministra, Jacinda Ardern, até chegou a dançar para a filha, em jeito de comemoração. Mas um ressurgimento de casos obrigou o governo a voltar atrás, e o controlo de fronteiras já foi entregue ao exército.

Além disso, uma quarentena obrigatória é exigida a quem chega ao país, só podendo ser abandonada mediante a apresentação de um resultado negativo para a doença Covid-19.

Enquanto o mundo entra numa nova fase perigosa, nós mantemo-nos na fase de contenção na fronteira”, afirmou a primeira-ministra neozelandesa, citada pelo The Guardian.

Quem continua a desconfinar

Ao ritmo do retrocesso de muitos, França e Reino Unido continuam o progressivo desconfinamento.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, revelou esta terça-feira algumas das medidas de desconfinamento. A partir de 4 de julho, bares, restaurantes, cabeleireiros, hotéis, ginásios, parques, cinemas e museus vão poder reabrir.

A regra de distanciamento social, que estava fixado em dois metros, passou para um metro.

Diferentes famílias podem voltar a encontrar-se, mas o distanciamento social deve ser respeitado. Ainda assim, Boris Johnson admite que pode haver uma reversão das medidas, caso haja um novo aumento do número de casos diários.

Como já vimos noutros países, vão existir surtos para os quais serão necessárias medidas locais, e não hesitaremos em reintroduzir restrições, mesmo a nível nacional, caso seja necessário", acrescentou.

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