O líder do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, foi, este sábado, eleito presidente do governo espanhol, graças à abstenção da maioria dos deputados do PSOE, colocando um fim à crise política que se arrasta há 10 meses em Espanha.
Rajoy foi eleito com 170 votos a favor, 111 contra e 68 abstenções.
Mariano Rajoy, investido presidente del Gobierno con 170 votos a favor, 111 votos en contra y 68 abstenciones #Investidura pic.twitter.com/mm61wj0mqs
— Congreso (@Congreso_Es) 29 de outubro de 2016
Apesar da orientação dada no sentido da abstenção, 15 deputados socialistas não respeitaram a disciplina de voto e voltaram a votar hoje contra a investidura de Rajoy, não se sabendo ainda se serão sancionados pela direção do partido.
Os últimos quatro anos foram muito difíceis […] há ainda muitas tarefas para realizar […] vamos tentar encontrar acordos com todos” os partidos, disse Rajoy logo a seguir à votação no Congresso de Deputados.
Mariano Rajoy tem 61 anos, é presidente do Governo desde 2011, quando foi eleito depois de ganhar com uma maioria absoluta as eleições ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), e deverá tomar posse na tarde de domingo.
O candidato de direita vai agora governar apoiado por uma minoria no Congresso dos Deputados (parlamento) tendo-se já manifestado “consciente do que isso significa” e disposto a pedir a colaboração de outros partidos, principalmente ao Cidadãos e ao PSOE.
Mariano Rajoy assegurou antes da votação dos deputados que iria “corrigir tudo o que mereça correção, a melhorar tudo o que for melhorável e a ceder em tudo o que seja razoável”, mas não a “derrubar tudo o que foi construído”.
O chefe do grupo parlamentar do PSOE, António Hernando, avisou hoje Mariano Rajoy de que os socialistas irão “vigiar cada passo” que este der e que irão “aprovar iniciativas” que considerem necessárias.
Ao início da tarde, o ex-líder do PSOE, Pedro Sánchez, renunciou ao lugar de deputado para evitar a obrigação de respeitar a disciplina de voto do seu partido e abster-se na votação.
A mudança de posição do PSOE foi muito criticada por toda a extrema-esquerda reunida na coligação Unidos Podemos que, apesar de ter menos deputados do que os socialistas, quer liderar a oposição a Rajoy a partir de agora.
Os socialistas estão muito divididos, tendo-se Pedro Sánchez demitido em 1 de outubro por não concordar com a maioria do seu partido que decidiu que o PSOE se deveria abster para evitar umas terceiras eleições no espaço de um ano.
Depois de falhar, na quinta-feira, a primeira eleição para a investidura, a Rajoy bastava agora apenas o apoio de uma maioria simples no parlamento.
O presidente do governo em funções contava com os votos do seu partido, do "Cidadãos" e da "Coligação Canárias". Precisava que pelo menos 10 deputados do PSOE se abstivessem para conseguir a maioria simples.
Rajoy já havia garantido a abstenção dos socialistas do PSOE, o segundo partido mais votado nas eleições de junho, depois do Comité Nacional ter decidido por este sentido de voto, de forma a desbloquear o impasse vivido em Espanha desde dezembro de 2015. No entanto, 15 deputados decidiram não seguir a disciplina de voto imposta pelo partido e votaram contra a eleição de Rajoy.
O ex-líder dos socialistas, Pedro Sánchez, abdicou do cargo de deputado antes da votação, para não respeitar a orientação do partido.
A coligação Unidos Podemos e todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas também votaram contra um novo mandato do PP.
Rajoy anuncia quinta-feira composição de novo Governo
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, vai anunciar na próxima quinta-feira a composição do novo executivo, que deverá tomar posse na sexta-feira numa cerimónia presidida pelo rei Felipe VI.
Segundo a agência EFE, o anúncio foi feito pelo próprio Rajoy nos corredores do Congresso dos Deputados (parlamento), depois de ter sido reconduzido à frente do executivo pela assembleia.
No entanto, o presidente do Governo não esclareceu quando é que ele próprio irá fazer o juramento para exercer o cargo perante Felipe VI que regressa domingo da Cimeira Ibero-americana que está a decorrer na Colômbia.
A presidente do Congresso dos Deputados deverá ir domingo à residência oficial do rei de Espanha, Palácio da Zarzuela, para notificar Felipe VI da investidura de Mariano Rajoy e assinar o decreto que torna efetiva essa decisão.
A investidura do chefe do atual Governo de gestão foi aprovada por 170 votos a favor dos deputados do Partido Popular (PP, direita), do Cidadãos (centro) e da Coligação Canárias (regional), tendo votado contra 111 da coligação Unidos Podemos (extrema-esquerda) e todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas.