Ana Julia Quezada, mulher que matou Gabriel Cruz, de oito anos, será apenas julgada pelos crimes de homicídio e atentado contra a integridade moral e não por rapto.
O juiz do caso anunciou a decisão, mas não prestou mais declarações, acrescentando apenas que espera que “antes do final do ano” esteja encerrada a instrução do caso.
A mulher, que mantinha uma relação com Angel Cruz, pai de Gabriel, foi detida em março e confessou ter matado o Gabriel, alegando que se estava a defender. Na altura, fontes ligadas à investigação garantiram que “a criança entrou voluntariamente no carro” de Ana Julia, argumento que terá ajudado a retirar do caso o crime de rapto.
No interrogatório, Ana Julia contou que ia de carro e encontrou o menino a brincar sozinho na rua e que o desafiou a acompanhá-la até à quinta da família. A madrasta alega que na quinta viu Gabriel a brincar com um machado e tentou tirá-lo, algo que desencadeou uma discussão.
Disse-me: tu não és minha mãe, não mandas em mim e, além disso, não te quero voltar a ver. Começámos a lutar pelo machado, até que consegui tirá-lo e, no final, com a raiva, acabei por asfixiá-lo, tapando-lhe o nariz e a boca”, descreveu.
Depois de o matar, diz que entrou em casa, pegou no pacote de tabaco e fumou um cigarro. Deu-se conta que tinha um problema “importante”para resolver: “Não queria fazer mal ao Ángel [pai de Gabriel] e achei que o melhor era enterrar o corpo. (…) Assim, ele nunca saberia o que se tinha passado”.
Foi buscar uma pá e enterrou o corpo do pequeno Gabriel. Ana Julia contou à polícia que só voltou para ir buscar o cadáver porque lhe pediram a chave da quinta e isso deixou-a nervosa. Gabriel acabou por ser encontrado morto, coberto de lama, despido e enrolado num cobertor na mala do carro da madrasta.
Esta segunda-feira, Ana Julia esteve em tribunal pela quarta vez e voltará para ser julgada por um júri popular de nove pessoas.