«Na final de Lisboa comecei a pensar: 'Iker, prepara-te para o que aí vem'» - TVI

«Na final de Lisboa comecei a pensar: 'Iker, prepara-te para o que aí vem'»

Casillas

Ex-guarda-redes espanhol esteve à conversa com Cañizares e recordou alguns dos momentos mais marcantes da carreira, entre eles a final da Champions de 2014 na Luz.

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Em conversa com Santiago Cañizares, Iker Casillas passou em revista as várias etapas da carreira desde a estreia pelo Real Madrid à conquista do Mundial em 2010, das finais da Champions ao enfarte sofrido em maio de 2018.

«Agora encontro-me bem. Depois do enfarte, estás um tempo um pouco perdido porque não sabes como te vais focar no mundo profissional ao qual esperas regressar. A realidade é que tudo acabou nesse mesmo dia. Durante seis, nove meses... O caminho tornou-se muito íngreme. Era maio, faltava um mês e meio de competição, estávamos a lutar pelo campeonato e tínhamos a final da Taça de Portugal para jogar. Queres avançar, mas vês que não consegues», começou por dizer.

O antigo guarda-redes do Valência e da seleção de Espanha mostra um vídeo a Iker, na qual este assiste a algum dos melhores momentos do seu percurso futebolístico. 

«Que bonito. Ainda tenho tudo muito presente, lembro-me de tudo o que vivi. Sinto-me orgulhoso por ter vivido o que vivi. Faz-me sentir especial e deixa-me emocionado e agora dá-me um pouco de pena. Passou tudo tão rápido que às vezes acho que fui inconsciente e não valorizei esses momentos. Mas não posso ser egoísta e pedir mais, porque o que vivi foi maravilhoso», comentou. 

O ex-FC Porto revelou que os filhos não têm noção de quem foi o pai. «Os meus filhos não fazem a mínima ideia do que fez o pai. Se defendia bem ou se defendia mal. Sabem que de vez em quando o param na rua para tirar umas fotografias e pouco mais», contou.

Casillas elege a estreia pelos merengues como o dia mais importante da carreira. «Para chegar à final do Mundial é preciso começar. Desde pequeno, mais do que ganhar a Champions ou o Mundial, o meu sonho era começar», apontou.

Entre várias finais da Liga dos Campeões disputadas, há uma que o antigo guardião não esquece: a de 2014 jogada em Lisboa contra o Atlético de Madrid.

«Foi um jogo estranho. Estávamos melhores do que eles. E numa ação absurda, em que vou, não vou e para que raio vou... Se tivesse ficado na baliza, poderia ter defendido o cabeceamento. Mas foi assim e a partir daí pensei: 'Tranquilo, vais ver que vamos empatar', Os minutos passavam e o golo não chegava e então comecei a pensar: 'Iker, tens de preparar-te para o que aí vem'. Estava a convencer-me do que iria acontecer. 'Iker, vais estar nas bocas do mundo'», confessou até ao cabeceamento de Sergio Ramos, nos descontos, alterar a história.

«Quando Ramos marcou, disse que iríamos ser campeões da Europa. Dei um beijo ao Sergio Ramos e disse-lhe que ele era o maior. Mas também é certo e digo isto a muita gente. 'Diz-me se não foi a final mais bonita'. As pessoas dizem-me que foi a melhor final e que eu contribui para que fosse assim. Lamento pelos adeptos do Atlético», acrescentou. 

De seguida, Casillas apontou César como o concorrente mais duro que encontrou em toda a carreira.

«Olhava para o César como uma estrela. O clube contratou-o quando eu tinha acabado de ganhar a Liga dos Campeões com 19 anos e ele tinha mais dez. A experiência que ele tinha com 29 anos. Olhas para ele como alguém que vai ensinar o caminho ao miúdo. A imprensa também contribuiu.... No final, nunca houve qualquer problema entre nós, mas o que diziam prejudicava-nos. Não tínhamos uma má relação, mas não éramos uma dupla de guarda-redes normal. Ter estado com o César a lutar para ser o dono da baliza do Real Madrid foi o melhor que me poderia ter acontecido. O César era espetacular: rápido, corajoso, bom fora da baliza, espetacular em situações de um contra um, bom jogo de pés. Também havia o tema da seleção entre eu, tu e o Molina, mas era diferente. Estávamos juntos uma vez por mês», disse. 

Por último, Iker admitiu que se não tivesse sofrido o enfarte em maio de 2018, provavelmente teria ainda experimentado outro clube além do FC Porto.

«Jogar num outro país? Possivelmente, sim. Estava muito bem ali [no FC Porto] e comportaram-se de forma fenomenal. Tinha 38 anos, estava bem, mas também não queria enganar ninguém. Mas é verdade, poderia ter tido uma experiência num outro país», concluiu. 
 

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