"Não pergunto se são infecciosas ou não. Isso vê-se depois": diretor de saúde sob fogo após comentário "machista" - TVI

"Não pergunto se são infecciosas ou não. Isso vê-se depois": diretor de saúde sob fogo após comentário "machista"

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 2 nov 2020, 20:02
Fernando Simón - diretor da Direção-Geral de Saúde de Espanha

Organismo que representa enfermeiros em Espanha pede demissão de Diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias espanhol

O Conselho Geral de Enfermeiros espanhol está a ponderar pedir ao governo que demita o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias após comentários “sexistas e degradantes” durante uma entrevista online.

Fernando Simón foi entrevistado no dia 29 de outubro por dois irmãos alpinistas, Iker e Eneko Pou. Segundo a denúncia deste organismo, o epidemiologista esteve no centro de um “momento de desinibição machista e retrógrado”.

Na entrevista, os atletas disseram que não ficou muito claro se o médico gostava mais das “doenças infecciosas ou das enfermeiras infecciosas” - um jogo de palavras entre enfermedades e enfermeras.

Em tom jocoso, Simón respondeu que não perguntava às enfermeiras se “eram infecciosas ou não. Isso via-se uns dias depois”.

Pílar Fernández, vice-presidente do Conselho Geral de Enfermeiros assegurou no domingo que as palavras dos três participantes são “impróprias de um especialista científico e de atletas de elite”, sublinhando que os interlocutores “são um exemplo para os jovens”.

O organismo avança ainda que os comentários são um atentado contra a dignidade da mulher e contra a dignidade de uma profissão imprescindível nestes tempos de urgência sanitária.

A Espanha merece que o porta-voz da estratégia contra a atual pandemia seja um especialista com uma mentalidade de acordo com a época em que vivemos, onde os direitos fundamentais das mulheres não são brinquedos, as mulheres e as enfermeiras são respeitadas, ou seja, aos profissionais que estão a arriscar a vida nos hospitais ”, afirma o Conselho em comunicado.

Estando numa posição de gestor da emergência de saúde no país, Fernández teve comportamentos “intoleráveis”, descreve o Conselho que revela que o médico denegriu “uma profissão tão completamente voltada para os pacientes”.

Fernando Simón fez piadas com uma pandemia que custou tantas vidas e que provocou tanto sofrimento”, afirma o Conselho Geral de Enfermeiros.

Diante deste comportamento, o organismo - que reúne e representa as mais de 316.000 enfermeiros  em Espanha - exige que Simón "tenha a decência de pedir desculpas imediatamente e que reconheça os seus comentários e piadas como inadequadas. e evite repeti-las.

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