Secreta inglesa quis afundar navio português - TVI

Secreta inglesa quis afundar navio português

Marinha Portuguesa [Arquivo]

O objectivo era impedir que um espião nazi português fornecesse informações aos alemães durante a II Guerra Mundial

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Os serviços secretos ingleses ponderaram «afundar sem deixar vestígios» o navio onde trabalhava o espião nazi português Gastão de Freitas Ferraz para o impedir de fornecer informações à Alemanha, durante a II Guerra Mundial, refere a Lusa.

A «solução drástica» é revelada no livro do jornalista Rui Araújo sobre a espionagem em Portugal durante a II Guerra Mundial, «O diário secreto que Salazar não leu», de Setembro de 2008.

O livro parte do diário do director da contra-espionagem do MI5 entre 1940 e 1945, Guy Liddell, onde a entrada de 5 de Setembro de 1942 indica aquela possibilidade.

«Conversei com Lamplough (do Sub-Comité Conjunto de Informações do Gabinete de Guerra) acerca do GIL EANNES (navio hospital de apoio à pesca de bacalhau, do qual Freitas Ferraz era operador de rádio) que, segundo cremos, a 4 e 5 de Agosto, comunicou aos alemães os movimentos dos nossos navios, a partir de S. João da Terra Nova. (¿) Ele acha que devíamos abalroar o GIL EANNES, que assim se tornaria spurlos versenkt («afundado sem deixar vestígios») e sem sobreviventes», confessa Liddell.

Rui Araújo explica que «a solução drástica (¿) proposta pelo MI5 é proporcional à ameaça: o navio podia divulgar aos alemães o itinerário dos comboios de tropas para a operação Torch, (invasão aliada) no Norte de África».

«Na medida em que o Gil Eannes podia representar o fracasso de uma ofensiva e causar milhares de baixas militares, a morte de algumas dezenas de pescadores portugueses é considerada um mal menor», adianta o jornalista no livro.

Os ingleses acabaram por capturar Gastão de Freitas Ferraz a bordo do Gil Eanes no alto mar. A captura aconteceu cinco dias antes do desembarque a 8 de Novembro de 1942, das tropas britânicas e norte-americanas sob o comando do general Dwight D. Eisenhower em Marrocos e na Argélia, que estavam ocupados por tropas da Alemanha e do regime francês pró-nazi de Vichy.

Visando abrir uma segunda frente face aos nazis envolvidos na URSS, o sucesso da operação Torch constituiu um movimento de viragem na Segunda Guerra Mundial.
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