A história da fuga das três adolescentes jihadistas - TVI

A história da fuga das três adolescentes jihadistas

Pai de jovem britânica que viajou para se juntar ao Estado Islâmico com duas amigas apela que volte para casa. Opinião oposta à dos pais de uma escocesa que «fugiu» em 2013, a quem chamam «vergonha da família»

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 O pai de uma das três adolescentes britânicas que terão viajado para a Turquia, com o intuito de atravessar a fronteira para a Síria para se juntarem ao Estado Islâmico, apelou à filha que regresse «a casa», e não entre no califado.

Hussen Abase, o pai da jovem de 15 anos Amira Abase, disse ao «The Guardian» que a sua família nunca suspeitou que a adolescente estivesse a ser «radicalizada» em conversas na internet, e que Amira nunca expressou qualquer interesse no radicalismo islâmico em casa, «talvez com amigos».

Abase contou que mesmo no dia em que Amira viajou para a Turquia nada no seu comportamento levantou suspeitas. Na terça-feira, a jovem disse que ia a um casamento, e antes de sair disse apenas: «papá estou com pressa».
                                              
                                                       (Hussen Abase, foto: Reuters)

«Estamos desolados e muito stressados. A mensagem que temos para a Amira é que volte para casa. Temos saudades tuas. Não conseguimos parar de chorar. Pensa duas vezes. Não vás para a Síria».


A jovem disse ao progenitor que ia para um casamento, quando, na verdade, se encontrou com Shamima Begum, também com 15 anos, e Kadiza Sultana, de 16, duas colegas da escola «Bethnal Green Academy», em Londres. As três jovens terão combinado a viagem com Aqsa Mahmood, uma escocesa de 20 anos que partiu para o Estado Islâmico em novembro de 2013 para se casar com um jihadista – exemplo que as três inglesas deverão seguir.

«Ela [saiu de manhã e] disse: “papá estou com pressa”». Mais tarde enviou uma sms onde se lia: “pai o sítio é um pouco longe. Faço a minha reza do meio-dia e volto”.

Como a jovem não regressou, por volta da meia-noite os pais foram à polícia.

Advogado culpa agências contraterroristas

Terá sido a jovem Shamima Begum que contactou Aqsa Mahmood na rede social «Twitter». Begum escreveu uma mensagem pública dirigida a Mahmood, apenas dois dias antes de desaparecer, que dizia: «segue-me para eu te poder responder».

Para o advogado da família de Mahmood, é «incrível» que este contacto tenha passado despercebido às autoridades, uma vez que desde 2013 que a conta de Aqsa é vigiada pelas autoridades contraterroristas.

«Uma jovem de 15 anos estabelece contacto com a Aqsa, que é reconhecida como terrorista, e ninguém faz nada. (…) [Como é que] três jovens conseguem chegar ao aeroporto. (…) [Como é que] não se repara que duas jovens de 15 anos e uma de 16 estão a viajar para a Turquia [sem adultos]?».


Anwar disse que a família de Mahmood está «em choque e enraivecida» que a sua filha esteja a «recrutar e encorajar» outras raparigas a viajarem para a Síria.

A família criticou as ações da jovem pedindo-lhe que pare, se alguma vez os amou.

«És uma vergonha para a tua família e para os cidadãos da Escócia, as tuas ações são perversas e uma distorção do Islão. Estás a matar a tua família todos os dias com as tuas ações, pedem-te que pares», lê-se numa mensagem divulgada pela família, segundo o «The Guardian».


As três jovens foram entrevistadas pelas autoridades britânicas na altura do desaparecimento de uma outra jovem da mesma escola, que também terá partido para a Síria em dezembro, mas a polícia londrina ficou convencida que não havia sinais que indicassem vontade das jovens seguirem os passos da amiga.

                                          
                                                         (Renu Begum, foto: Reuters)

A irmã de Shamima Begum tem esperança que a irmã tenha apenas ido ao encontro da sua colega, para que todas regressem ao Reino Unido.

«Temos esperança que ela só tenha ido visitar a sua amiga, tentar trazê-la à realidade. [Mesmo sabendo que] é algo ingénuo de se fazer. (…) Temos esperança que ela não é o que dizem nos media, que não foi influenciada (…)», disse Renu Begum.


As autoridades britânicas estão a investigar se houve algum contacto entre as três jovens e a amiga que já está na Síria em busca de ajuda para atravessar a fronteira da Turquia.

Este sábado, as famílias de Shamima Begum e Kadiza Sultana emitiram um apelo para que as adolescentes regressem rapidamente a Inglaterra.

«Temos muitas saudades tuas e estamos muito preocupados contigo. Por favor, se ouvires esta mensagem, entra em contacto connosco para sabermos se estás bem. Tu pertences em casa connosco. (…) Pede ajuda à polícia e eles ajudam-te a chegar a casa. Não te vai acontecer nada», diz o comunicado da família Begum.

 

«Não estamos chateados contigo, não fizeste nada de mal. Temos saudades tuas, especialmente a mãe, e as coisas não têm sido iguais sem ti».

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