Covid-19: farmacêutica francesa promete vacina primeiro aos EUA. França diz que "é inaceitável" - TVI

Covid-19: farmacêutica francesa promete vacina primeiro aos EUA. França diz que "é inaceitável"

  • Bárbara Cruz
  • Atualizada às 22:50
  • 14 mai 2020, 18:49

O CEO da francesa Sanofi diz que os Estados Unidos terão prioridade por terem investido mais. Presidente francês vai reunir-se na próxima semana com responsáveis da farmacêutica

Os americanos terão primeiro a vacina que for desenvolvida pela farmacêutica francesa Sanofi contra a Covid-19. A garantia foi dada pelo diretor-executivo da Sanofi, Paul Hudson, numa entrevista à Bloomberg, avisando que a Europa corre o risco de ficar para trás se não envidar esforços para procurar uma proteção contra a doença na origem da pandemia que já matou quase 300 mil pessoas em todo o mundo. 

O governo dos Estados Unidos tem o direito à maior pré-encomenda porque investiu em correr o risco", sublinhou Hudson. A Sanofi é uma das maiores farmacêuticas entre as que estão a tentar desenvolver a vacina para a Covid-19. Aliou-se à rival britânica  GlaxoSmithKline e conta com o financiamento dos Estados Unidos, o que lhe permitirá produzir 600 milhões de doses anualmente. O objetivo é, eventualmente, duplicar este número, revelou ainda o CEO da Sanofi à Bloomberg.

Tenho feito campanha na Europa a dizer que os Estados Unidos vão ter a vacina primeiro", disse Hudson, a partir de Paris. "Vai ser assim porque os EUA investiram para tentar e proteger a população, para relançar a economia". 

O governo francês reagiu entretanto às declarações de Hudson: o primeiro-ministro Édouard Philippe escreveu no Twitter que o acesso da vacina a todos por igual "não é negociável", secundando o presidente Emmanuel Macron, que sublinhou que a vacina não deverá estar condicionada às forças do mercado. Macron vai encontrar-se com responsáveis da Sanofi na próxima semana. 

 

Para nós, seria inaceitável que houvesse acesso privilegiado para determinados países por razões financeiras", disse a secretária de Estado das Finanças francesa, Agnès Pannier-Runacher, à Sud Radio, citada pela BBC. 

Já esta quinta-feira, Stefan de Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia, veio dizer que a vacina contra a Covid-19 "é um bem público global e que o acesso a ela terá de ser igualitário e universal".

Também o presidente da Sanofi, Serge Weinberg, reagiu à polémica. Alegando que as palavras do diretor-executivo tinham sido distorcidas, disse à France 2 na noite de quinta-feira: "Vou ser extremamente claro: não vai haver vantagem particular para nenhum país".

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