"Mãe, estou vivo": depois de dez dias entre a vida e a morte, jovem saudável sobrevive ao Covid-19 - TVI

"Mãe, estou vivo": depois de dez dias entre a vida e a morte, jovem saudável sobrevive ao Covid-19

Coronavírus

Francis Wilson, um jovem saudável esteve duas semanas ligado a um ventilador, entre a vida e a morte. Os médicos aconselharam mesmo a família a despedir-se, mas no fim, sobreviveu

Nem tudo são finais tristes durante a pandemia mundial de Covid-19. Para além de superação, a história de Francis Wilson é também um alerta para os mais jovens. 

Sem problemas de saúde, o jovem de 29 anos esteve dez dias ligado a um ventilador em dois hospitais em Washington, nos Estados Unidos

De acordo com a CNN, os médicos acreditaram mesmo que Francis Wilson não iria conseguir sobreviver, uma vez que os seus níveis de oxigénio no sangue eram cada vez mais baixos, tendo aconselhado a família a despedir-se dele.

Mas tudo mudou ao fim de dez dias.

"Mãe, estou vivo", foi a primeira coisa que disse à mãe, através de mensagem de texto, quando acordou. 

Depois de sair do hospital George Washington University, o jovem ficou de quarentena. Ao jornal The Washington Post explicou que a primeira coisa que queria fazer quando acabasse o período de isolamento era abraçar a mãe e pedir à irmã para cortar o cabelo. Quando puder, vai doar plasma para ajudar outros pacientes a vencerem a Covid-19. 

"Depois de vencer esta luta, sinto que posso lidar com qualquer coisa", desabafou Francis. 

A recuperação não tem sido fácil. Uma semana depois de voltar do hospital, conta que são muitos os flashbacks e memórias que têm dos 20 dias passados no hospital, dez deles entre a vida e a morte. Arrancar o tubo de respiração, ser enterrado vivo, infetar os amigos sem saber e vê-los morrer fazem parte dos pensamentos que não deixam o jovem dormir. 

“Na maioria das vezes, eu não me lembro de nada, mas por alguma razão nos momentos em que eu estava mais próximo da morte, o meu cérebro retinha não apenas a memória dos estímulos que aconteciam à minha volta, mas também as minhas alucinações ou sonhos", disse. “Esta tem sido uma das coisas mais difíceis de ultrapassar."

No dia 8 de março, o jovem começou a ter sintomas leves, como dor de garganta, dor de cabeça, tosse e cansaço, mas pensou sempre que se tratava de uma alergia. Nesta altura estava apenas confirmado um caso em Washington e estado de emergência de saúde pública foi apenas declarado a 11 de março.

Quando foi ao hospital Virginia Center, os médicos perguntaram-lhe apenas se tinha viajado ou tinha estado em contacto com alguém infetado. A resposta a ambas foi negativa. Uma semana depois, os sintomas pioraram. 

Depois de receber um resultado negativo para o teste da gripe, Francis submeteu-se ao teste da pneumonia. Depois deste dar positivo, os médicos quiseram despistar a infeção por Covid-19. 

Os resultados demoraram três dias e enquanto aguardava o jovem sentia-se cada vez pior. Não conseguia controlar a tosse nem respirar e acabou por chamar uma ambulância. Chegado ao Virginia Hospital Center, Francis foi de imediato anestesiado e ligado a um ventilador. 

"Não sabíamos quão grave era a situação naquele momento", explicou o pai ao The Washington Post. “Pensámos que quando ele chegasse ao hospital, os médicos conseguissem ajudá-lo e ele melhorasse rápido. Mas só piorou."

A família só pôde visitá-lo passados sete dias e através de uma parede de vidro. O jovem estava já numa sala de pressão negativa, para tratar doentes infetados com o novo coronavírus. Uma vez que o cenário não era animador, os médicos sugeriram que os familiares lhe deixassem uma última mensagem.

"Nos meus sonhos, eu acreditei que estava morto", recordou Francis em entrevista à CNN. "A minha família estava do outro lado do vidro e uma enfermeira colocou um telefone no meu ouvido para eu conseguir perceber o que eles estavam a dizer. Lembro-me de eles me dizerem que me amavam e que queriam que eu sobrevivesse"

A irmã e a mãe também falaram com Francis que garante ter ouvido tudo.

“Ele parecia tão pacífico, mas percebi que podia ser a última vez que falava com ele. Eu gritei: 'Eu quero que tu estejas vivo'", disse o pai de Francis.

A luta parecia estar quase perdida e a única solução passou pela transferência para o Hospital George Washington University, preparado para executar uma técnica para que o sangue seja oxigenado para fora dos pulmões, a última esperança para muitos doentes. A viagem demorou apenas 20 minutos e já no segundo hospital começou a melhorar. Os médicos aumentaram a potência do ventilador e, pela primeira vez numa semana, os pulmões começavam a responder. 

Dois dias depois, a mãe recebeu a mensagem mais feliz da vida. Francis estava vivo e a recuperar. 

Os hospitais querem agora estudar histórias de sobrevivência como a de Francis, um dos mais jovens em Washington a vencer a batalha contra a Covid-19. 

Continue a ler esta notícia