Vários elementos da administração Trump estarão a colocar pressão nos serviços de inteligência dos Estados Unidos para que se arranjem provas que sustentem que o novo coronavírus teve origem em laboratórios estatais da China, avança o New York Times.
Por detrás do esquema denunciado pelo jornal norte-americano estão nomes como o de Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, Matthew Pottinger e Richard Grenell, diretor interino dos serviços de inteligência.
Em inúmeras entrevistas, Mike Pompeo já tinha garantido que a China ocultou informação sobre o vírus, dando a entender que acredita que o microorganismo foi criado em laboratório.
Vários analistas de serviços de inteligência temem que Trump esteja a querer produzir propaganda para ser usada como mais uma arma para culpabilizar o país asiático pela pandemia que está a afetar grande parte do mundo, e os Estados Unidos com especial intensidade.
Muitos dos cientistas que estudaram a composição genética do novo coronavírus fornecida pela China dizem que é muito provável que o vírus tenha sido transmitido de um animal para um humano num ambiente não laboratorial, como aconteceu em pandemias anteriores. Por isto mesmo, até agora, não existe qualquer evidência robusta de que a Covid-19 tenha sido criada pelo homem num laboratório, muito menos na China.
O gabinete do diretor nacional de inteligência dos Estados Unidos lançou um comunicado esta quinta-feira que parece pôr água na fervura. O documento refere que se concluiu que o vírus "não foi fabricado pelo homem ou geneticamente modificado", mas confirma que os agentes secretos continuam a investigar a origem da pandemia, que pode ser atribuída ao contacto com animais infetados ou a um acidente num laboratório chinês.
Ainda assim, a notícia de que as agências de inteligência estão a ser pressionadas para produzirem provas sobre a origem da pandemia eleva a posição de Pompeo, e do próprio Donald Trump, a outro nível. É que uma descoberta oficial deste género transformaria a epidemia numa guerra biológica ou num acidente laboratorial catastrófico, sem precedentes.