Várias instituições e agências governamentais dos Estados Unidos (EUA) foram vítimas de um ciberataque. O caso já motivou uma reunião de emergência na Casa Branca com o Conselho Nacional de Segurança e as autoridades norte-americanas acreditam que a Rússia pode estar por trás do incidente.
Os hackers terão acedido aos sistemas informáticos de várias empresas com ligações muito próximas ao Departamento do Tesouro, aos serviços de Segurança e de Inteligência e às forças armadas do país, cujas contas de e-mail poderão ter sido espiadas ao longo de vários meses.
Isto é algo muito maior do que um ataque a uma única instituição. É uma enorme campanha de ciberespionagem que afeta o governo dos EUA e os seus interesses”, disse à Reuters uma fonte próxima do processo.
Na sequência do incidente, o Conselho Nacional de Segurança reuniu de emergência no último sábado e o FBI já está a investigar. A verdadeira dimensão do ataque ainda não é conhecida, mas as primeiras conclusões apontam para um processo “altamente sofisticado”, da autoria de “um estado”.
O governo dos EUA ainda não se pronunciou publicamente sobre o sucedido mas aponta responsabilidades à Rússia. A administração norte-americana acredita que este incidente pode estar relacionado com um outro ciberataque descoberto recentemente no país.
O New York Times refere que "com quase toda a segurança", os piratas informáticos, que também acederam às mensagens de correio eletrónico, atuaram "em nome de uma agência de informações russa".
O jornal escreve que se tratou de um dos maiores e mais sofisticados ataques contra os sistemas federais norte-americanos nos últimos cinco anos.
A notícia é publicada menos de uma semana depois da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, responsável pela defesa dos sistemas de segurança norte-americanos, ter emitido um aviso indicando que "atores patrocinados pelo Estado russo" estavam a aproveitar as falhas informáticas do governo federal.
Um funcionário do governo norte-americano disse que é demasiado cedo para avaliar os danos provocados pelos ataques informáticos ou quanto material se perdeu, mas segundo outros elementos, os ataques que começaram na última primavera e não foram detetados durante os meses marcados pela pandemia, incluindo durante o processo eleitoral dos Estados Unidos.
O departamento do Comércio reconheceu que uma das agências foi afetada, mas não especificou, apesar de o jornal referir em concreto ataques informáticos contra a Administração Nacional de Telecomunicações e Informação, que é responsável pelas decisões que determinam o bloqueio ou não de exportações e importações de tecnologia consideradas de risco para a segurança nacional.
Numa publicação no Facebook, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros já reagiu às acusações e diz que esta é mais uma tentativa da comunicação social dos EUA de difamar a Rússia.
Mais tarde, o próprio Kremlin reagiu às acusações, negando-as de imediato.
Uma vez mais posso negar essas declarações, essas acusações", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, em conferência de imprensa em Moscovo.
O porta-voz mantém que "não há necessidade de culpar os russos de tudo e de forma infundada".
Não temos nada que ver com isto", sublinhou o responsável, recordando que o Presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu aos Estados Unidos a possibilidade de negociar e assinar um acordo de cooperação nas áreas da cibersegurança e segurança de informações.
Segundo Moscovo, o tratado poderia vir a permitir a ambos os países "lutarem contra crimes cibernéticos e a espionagem".
Os Estados Unidos não aceitaram o convite de Putin", disse o porta-voz do Kremlin.