Israel e Marrocos chegaram esta quinta-feira a acordo para normalizar as relações, numa negociação que foi intermediada pelos Estados Unidos. Marrocos torna-se no quarto país árabe a colocar de parte as hostilidades com Israel em apenas quatro meses.
O acordo, que poderá ser um dos principais feitos do fim de mandato de Donald Trump como presidente, pressupõe que os Estados Unidos reconhecem a soberania de Marrocos na região do Saara Ocidental. A zona tem sido palco de uma longa disputa entre aquele país e a Frente Polisário, organização armada que é apoiada pela Argélia e reinvidica territórios atualmente pertecentes a Marrocos e Mauritânia.
A Casa Branca divulgou que Donald Trump conseguiu o acordo depois de uma chamada telefónica com o rei Mohammed VI.
Outro acontecimento HISTÓRICO hoje! Os nossos dois GRANDES amigos Israel e Marrocos acordaram reatar relações diplomáticas a 100% - um grande acontecimento para a paz no Médio Oriente", afirmou o presidente norte-americano através do Twitter, onde relembrou as relações de longa data entre Estados Unidos e Marrocos.
Morocco recognized the United States in 1777. It is thus fitting we recognize their sovereignty over the Western Sahara.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 10, 2020
Marrocos torna-se, assim, no quarto país árabe a retomar relações com Israel desde agosto, seguindo-se a Emirados Árabes Unidos, Bahrain e Sudão.
A agência Reuters afirma que a grande razão para o envolvimento dos Estados Unidos prende-se com a permanente disputa com o Irão, país que Donald Trump pretende isolar no Médio Oriente.
Os palestinianos têm sido bastante críticos destes acordos, afirmando que os países árabes puseram em causa a paz por terem abandonado uma exigência de longa duração para que Israel abandone aquilo que a Palestina diz serem terras suas.
Também esta quinta-feira, o conselheiro sénior para os assuntos externos e genro de Donald Trump, Jared Kushner, afirmou que é inevitável que a Arábia Saudita acabe por chegar a um acordo semelhante com Israel.
A entrada da Arábia Saudita nestes acordos é uma das prioridades de Donald Trump, mas o país diz que ainda não está pronto para dar o passo.
Caso esse cenário se venha a verificar, o Irão ficará muito isolado, até porque a Arábia Saudita exerce uma grande influência na Península Arábica, não apenas a nível territorial ou económico, mas, e como consequência disso, também no panorama político.
O conflito israelo-árabe dura há vários anos, tendo sido intensificado a partir da formação do estado de Israel, na sequência do fim da Segunda Guerra Mundial. Desde então que surgiram vários pontos de tensão, com os ataques do Egito, em 1973, a serem um dos pontos principais do conflito.
Como parte do acordo, Marrocos e Israel voltam a ter contactos diplomáticos oficiais, restabelecem rotas aéreas, incluindo ligações diretas a partir de Israel e para todos os israelitas.
Eles vão reabrir edifícios de ligação em Rabat e Tel Aviv imediatamente com a intenção de abrirem embaixadas. Vão promover a cooperação económica entre as empresas marroquinas e israelitas", explicou Jared Kushner, em declarações à agência Reuters.
Uma fonte oficial do reino de Marrocos afirmou que os Estados Unidos vão abrir um consulado na região do Saara Ocidental. Em jeito de concordância, a Casa Branca afirmou que um estado Sahrawi independente "não é uma opção realista para resolver o conflito e que a autonomia sob a soberania de Marrocos é a única solução possível".