Lei anti-imigração que proíbe avós de verem os netos entrou em vigor nos EUA - TVI

Lei anti-imigração que proíbe avós de verem os netos entrou em vigor nos EUA

  • Sofia Santana
  • 30 jun 2017, 10:30

Nova versão da lei impede a entrada de cidadãos de seis países muçulmanos nos Estados Unidos, excluindo desta proibição os cidadãos com “familiares próximos” no país. Avós não estão incluídos na categoria

Uma nova versão da lei anti-imigração, que impede a entrada de cidadãos de seis países muçulmanos nos Estados Unidos, entrou em vigor na quinta-feira à noite, depois de ter sido aprovada pelo Supremo Tribunal norte-americano na segunda-feira. As novas regras excluem desta proibição os cidadãos com “familiares próximos” no país. Um critério que tem levantado dúvidas e um coro de críticas.

A proibição de entrada nos Estados Unidos aplica-se pelo menos durante os próximos 90 dias aos cidadãos de seis países: Sudão, Somália, Irão, Iémen, Síria, Líbia. O decreto original, implementado em janeiro, incluía também o Iraque, mas Donald Trump decidiu remover este país da "lista negra" em março.

O procurador-geral do Supremo, Jeff Sessions, justificou a nova lei afirmando que “a ameaça à nossa segurança social é real e está a tornar-se perigosa”.

A nova versão exclui desta proibição cidadãos destes países que têm “familiares próximos” nos Estados Unidos.

Mas quem é considerado, afinal, um familiar próximo? Pais, filhos, cônjugues, genros e noras, irmãos, incluindo meios-irmãos, e noivos.

Avós, netos, tios e sobrinhos ficam de fora da lista dos “familiares próximos”. Inicialmente, as informações avançadas pela imprensa norte-americana davam conta de que os noivos também ficariam de fora da lista, mas, à última da hora, a administração de Trump acabou por inclui-los também.

Ora, esta lista de "familiares próximos" tem gerado um coro de críticas de advogados e ativistas, que criticam o facto de, por exemplo, um avó não poder entrar no país para visitar o neto. 

David Miliband, o presidente do Comité Internacional de Resgate, organização norte-americana que ajuda populações em zonas de guerra, disse que a nova lei "não é humana".

“A proibição de entrada de avós na América é uma desgraça", destacou o responsável.

O chefe da diplomacia do Irão, um dos países afetados, considerou o decreto “realmente vergonhoso”. Mohamed Javad Zarif deixou uma mensagem no Twitter esta sexta-feira.

“Os Estados Unidos proíbem avós de verem os netos, numa demonstração verdadeiramente vergonhosa e hostil para com todos os iranianos.”

Além de ter este critério controverso, a nova lei também proíbe a entrada dos refugiados por um período de 120 dias.

O decreto entrou em vigor na quinta-feira à noite, mas, nos aeroportos não houve situações de caos, ao contrário do que aconteceu em janeiro, com a primeira versão da lei. Isto porque quem tem vistos já autorizados não é afetado pelas alterações.

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