Ansiedade e depressão: "cogumelos mágicos" podem ajudar - TVI

Ansiedade e depressão: "cogumelos mágicos" podem ajudar

(arquivo)

Dois estudos revelados agora mostram que resultou com Dinah Bazer, que suportou uma alucinação terrível que a livrou do medo do seu cancro do ovário reincidir. E com Estalyn Walcoff que diz que a experiência com drogas a levou a iniciar uma viagem espiritual reconfortante

A droga psicadélica em "cogumelos mágicos" pode, rápida e eficazmente, ajudar a tratar a ansiedade e a depressão em pacientes com cancro, um efeito que pode durar meses, mostram dois pequenos estudos revelado recentemente.

Resultou com Dinah Bazer, que suportou uma alucinação terrível que a livrou do medo do seu cancro do ovário reincidir. E com Estalyn Walcoff, que diz que a experiência com drogas a levou a iniciar uma viagem espiritual reconfortante.

O trabalho divulgado quinta-feira, pela AP que cita o Journal of Psychotherap, é preliminar e os especialistas defendem que deve ser feita uma pesquisa mais aprofundada sobre os efeitos da substância, chamada psilocybin (sih-loh-SY'-bihn).

Mas os registos feitos, até agora, mostram "resultados muito impressionantes", disse o Craig Blinderman, que dirige o serviço de cuidados paliativos para adultos no Columbia University Medical Center / New York-Presbyterian Hospital. E este médico não participou da investigação.

O psilocybin, também chamado shrooms, paixão púrpura e pouca fumaça, provém de certos tipos de cogumelos. É ilegal nos Estado Unidos e, se o governo federal aprovar o tratamento, será administrado em clínicas por pessoal especialmente treinado, dizem os especialistas.

A notícia da agência AP adverte ainda para que ninguém tente o tratamento por conta própria, o que poderá ser arriscado, segundo os médicos que conduziram os dois estudos: Stephen Ross da Universidade de Nova Iorque e Roland Griffiths da Universidade Johns Hopkins em Baltimore.

As drogas psicadélicas já se revelaram promissoras no tratamento do sofrimento em pacientes com cancro. Mas os estudos, para uso médico de psicadélicos, pararam no início dos anos 1970, após um controlo cada vez mais apertado ao uso de drogas.

Mas diz a AP que a utilização de drogas deste tipo para efeitos médicos tem vindo a ser retomada nos últimos anos. Griffiths disse que não é claro que a psilocibina funcione para pacientes com outras patologias, embora suspeite que possa funcionar em pessoas em situações terminais.

Em marcha também está um plano para que seja estudada para aplicação em doentes com depressão e resistência aos tratamentos convencionais, referiu o mesmo clínico de Baltimore.

Pacientes e contra indicações 

Os novos estudos, publicados no Journal of Psychotherapy, são pequenos. O projeto da NYU, que também incluiu psicoterapia, envolveu apenas 29 pacientes. O estudo de Hopkins contou com 51 doentes.

Dinah Bazer, que mora em Nova Iorque, foi diagnosticada com cancro do ovário em 2010, quando tinha 63 anos. O tratamento foi bem-sucedido, mas ela ficou ansiosa por pensar que voltaria a passar pelo mesmo. "Comecei a ser preenchida por um medo terrível", disse numa entrevista.

"Estamos à espera que algum ruim volte a acontecer. A ansiedade estava a destruir a minha vida", assegurou.

Bazer tomou uma cápsula de psilocibina  em 2012 na companhia de dois membros do pessoal treinados para guiá-la através das várias horas que a droga afetaria seu cérebro. Enquanto escutava música, através de auriculares, tinha os olhos cobertos com uma máscara de sono, e a droga foi trabalhando.

"De repente, estava em um lugar escuro, aterrorizante, perdido no espaço, perdido no tempo", recorda. "Não tinha qualquer orientação e estava realmente, realmente, aterrorizada."

Então viu o medo de reincidência do cancro como uma massa negra no abdómen e, furiosamente, gritou para sair.

"Assim que isso aconteceu, o medo foi-se", garantiu. "Estava apenas a flutuar na música, como que transportada num rio."

Sentiu um profundo amor pela  família e pelos amigos, e sentiu amor por si. "Senti como se me estivesse a banhar no amor de Deus... E eu sou ateia, a propósito, mas esta parece ser a única maneira de descrever."

Os investigadores disseram que tais experiências místicas parecem ter um papel no efeito terapêutico da droga.

Walcoff, 69, psicoterapeuta em Rochester, Nova Iorque, também entrou no estudo da NYU por causa de sua ansiedade sobre uma reincidência do cancro, no seu caso, o linfoma. (A maioria dos participantes tinha o cancro ativo.)

A psilocibina "abriu-ma a porta à meditação e à espiritualidade", disse, e como resultado “fiquei tranquilo e convencido de que essa fase da minha vida acabou e não vai voltar".

A maior parte do financiamento para os estudos veio do Heffter Research Institute, uma organização sem fins lucrativos que apoia estudos de psilocibina e outros alucinogénios.

Em ambos os estudos, o tratamento com psilocibina tratamento teve mais efeito sobre a ansiedade e a depressão que o placebo. Por exemplo, um dia após o tratamento, cerca de 80% dos doentes tratados na NYU já não se qualificavam como clinicamente ansiosos ou deprimidos por medidas padrão. O que compara com cerca de 30% para o grupo que tomou o placebo. Uma resposta, “incrivelmente rápida”, disseram os especialistas, defendendo que resistiu durante as sete semanas da comparação.

Os estudos levaram a abordagens diferentes para a formulação de um placebo. Na NYU, os pacientes receberam niacina, que imita alguns efeitos da psilocibina. Na Hopkins, o placebo foi uma dose muito baixa de psilocibina em si.

Os investigadores, em ambos os estudos, acabaram por administrar o tratamento completo com psilocibina aos grupos do placebo e seguiram todos os doentes s por cerca de seis meses. Os efeitos benéficos pareciam persistir durante esse período. Mas a evidência para isso é menos forte do que para o curto prazo, porque não havia mais nenhum grupo de comparação com um placebo.

A agência noticiosa refere ainda que nenhum efeito secundário grave surgiu do tratamento.

William Breitbart, chefe do serviço de psiquiatria do Centro de Cancro Memorial Sloan-Kettering, em Nova Iorque, que não participou dos estudos, disse que havia melhorias em relação a pesquisas anteriores sobre o tema. Mas ainda insuficiências suficientes para estar cauteloso sobre as conclusões, acrescentou.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE