Depressão: disfunção eléctrica pode ser a causa - TVI

Depressão: disfunção eléctrica pode ser a causa

  • Portugal Diário
  • 7 jul 2007, 00:12

Investigadores consideram que doença «pode ter uma causa concreta e quantificável»

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Uma disfunção eléctrica do cérebro pode ser a causa da depressão, segundo um estudo que pode vir a trazer novos tratamentos para esta doença ainda muito complexa, escreve a Lusa.

Efectuando experiências em ratos, os investigadores norte-americanos da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, na Califórnia, descobriram um princípio que pode permitir explicar como é que as múltiplas causas e tratamentos da depressão convergem.

Graças a uma nova tecnologia para obter imagens do cérebro, os investigadores aperceberam-se que os diferentes mecanismos da depressão e dos seus tratamentos acabavam por passar por um único circuito eléctrico.

As modificações na maneira pela qual os impulsos eléctricos circulam no circuito parecem ser a causa dos estados depressivos, segundo os autores do estudo publicado na Science Express, a versão on-line da Revista Science, desta sexta-feira.

«Penso que esta descoberta nos vai ajudar a compreender porque é que há um tão grande número de causas e tratamentos para a depressão», afirma Karl Deisseroth, professor de bio-engenharia e de psiquiatria na Universidade Stanford, e principal autor deste estudo.

«Estes resultados deverão permitir-nos também saber como é que a depressão, um conceito difícil de perceber, pode ter uma causa concreta e quantificável», acrescentou.

Os investigadores efectuaram experiências em ratos nos quais tinham induzido um estado depressivo.

Apesar destes animais não conseguirem reproduzir toda a complexidade da depressão humana, demonstraram sintomas semelhantes e reagiram positivamente aos mesmos antidepressivos utilizados para curar os humanos.

Nos ratos deprimidos, os cientistas descobriram uma alteração do fluxo de actividade eléctrica no cérebro que pode ser corrigida recorrendo a antidepressivos.

Antidepressivos: bons ou maus?

Os adolescentes e jovens adultos que tomam antidepressivos correm menos riscos de tentar suicidar-se do que os deprimidos sem tratamento, segundo outro estudo publicado esta sexta-feira e que vem contradizer conclusões de 2004 da Agência Norte-Americana dos Alimentos e Medicamentos (FDA).

A agência tinha na altura considerado que alguns medicamentos podiam aumentar o comportamento suicida nos jovens.

Este novo estudo baseou-se nos antidepressivos de tipo SSRI, entre os quais o Lexapro, o Pacil, Zoloft e o Prozac, antidepressivos que modificam o humor reequilibrando o nível de serotonina no cérebro.

«O risco de tentativa de suicídio entre os doentes tratados com medicamentos de tipo SSRI corresponde mais ou menos a um terço do dos pacientes que não recebem tratamento», segundo Robert Gibbons, da Universidade de Illinois, em Chicago, um dos autores do estudo hoje publicado no Jornal Norte-Americano de Psiquiatria.

A investigação foi conduzida junto de 226.866 pacientes cuja depressão foi detectada entre 2003 e 2004, e comparou o risco de suicídio entre quatro grupos de diferentes idades, antes e depois do tratamento com SSRI.

Em 2004, a FDA tinha estabelecido uma ligação entre o suicídio nos adolescentes e o consumo de antidepressivos, após ensaios clínicos realizados por laboratórios farmacêuticos que demonstravam uma relação entre a utilização de alguns antidepressivos e um aumento do comportamento suicida nas crianças e adolescentes.

A FDA decidiu na altura colocar avisos nas caixas dos medicamentos de tipo SSRI para prevenir os pais do risco acrescido de suicídio.
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