Erupções vulcânicas gigantes contribuíram para extinguir dinossauros - TVI

Erupções vulcânicas gigantes contribuíram para extinguir dinossauros

  • Agência Lusa
  • RL
  • 27 out 2021, 14:25
Ngwevu intloko

Estudo internacional de um investigador da Universidade de Coimbra analisou as erupções vulcânicas gigantes, ocorridas há 66 milhões de anos no território da atual Índia

 Erupções vulcânicas gigantes, ocorridas há 66 milhões de anos no território da atual Índia, contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros, revela um estudo internacional de um investigador da Universidade de Coimbra (UC).

Em comunicado enviado à agência Lusa, a UC sustenta que o novo estudo, liderado pelo investigador Eric Font e que incluiu também cientistas alemães, suíços e chineses, “confirma a tese de que erupções vulcânicas gigantes contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros”.

De acordo com a nota da UC, o estudo “acaba de ser publicado na prestigiada revista científica Geology e promete reacender o debate junto da comunidade científica”.

O comunicado lembra que a causa da extinção em massa de espécies terrestres e marinhas, incluindo os dinossauros, no período Cretácico-Paleogénico, “tem sido um tema muito debatido entre a comunidade científica internacional”.

Durante várias décadas prevaleceu a teoria de que foi o impacto de um meteorito (…) na Terra que provocou a extinção em massa dos dinossauros e de outras espécies. No entanto, na mesma época [há 66 milhões de anos], houve erupções vulcânicas de dimensões gigantescas, na província magmática [vulcânica] do Decão, na atual Índia, que poderiam ter contribuído também, ou até principalmente, para a extinção em massa”, afirma Eric Font, citado na nota.

Porém, o investigador e docente do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) assinala a dificuldade em se conseguir “datar com precisão” as erupções ocorridas no continente “através do registo paleontológico e da camada de irídio (elemento químico raro na Terra, mas abundante em meteoritos), essencialmente preservada em sedimentos marinhos”.

Essa situação gerou diversas questões, nomeadamente se a atividade vulcânica começou antes ou depois da extinção em massa dos dinossauros, se teve impacto global no planeta, no clima e na vida terrestre.

Outro estudo, realizado há cinco anos, em 2016, também por uma equipa liderada por Eric Font, “demonstrou que o vulcanismo do Decão se iniciou antes do impacto do meteorito e permaneceu durante e após este impacto”, refere o comunicado da UC.

Esta descoberta baseou-se em “quantidades anómalas de mercúrio” registadas nos sedimentos marinhos da cidade de Bidart – localizada no sudoeste de França, na zona dos Pirenéus Atlânticos, junto à fronteira com Espanha - “onde estão preservados os sedimentos correspondentes ao período do Cretácico-Paleogénico”, explica Eric Font.

Este afloramento é conhecido mundialmente por ter preservado a famosa camada de irídio que foi depositada pelo meteorito que supostamente matou os dinossauros”, adianta.

O investigador frisa, no entanto, que, na Terra, o mercúrico “é produzido essencialmente por atividade antropogénica [derivada da atividade humana] ou pelo vulcanismo”, sendo que o estudo de 2016 abriu um debate, porque os meteoritos também podem conter “quantidades significativas” de mercúrio.

De acordo com o comunicado, “para esclarecer as dúvidas”, a equipa liderada por Eric Font voltou a estudar, ao longo dos últimos três anos, os sedimentos marinhos de Bidart “usando novas técnicas (…) que permitem identificar a fonte do mercúrio”.

“Os resultados agora publicados na Geology demonstraram uma origem vulcânica” para o mercúrio localizado na cidade francesa, “através da sua emissão para a atmosfera e posterior deposição dos sedimentos”.

Assim, acrescenta a nota, os resultados obtidos “confirmam que as erupções vulcânicas do Decão tiveram início antes de um meteorito ter colidido com a Terra, antes da morte dos dinossauros, e continuaram depois. Ou seja, o vulcanismo do Decão pode ter sido uma das principais causas para a extinção dos dinossauros”, assegura Eric Font.

Acrescenta, por outro lado, que o ‘supervulcão’ do atual território asiático “teve claramente um efeito global”.

Por esclarecer permanece a questão se o impacto do meteorito “foi a gota de água que fez transbordar o copo ou foi um evento inconsequente que ocorreu durante uma extinção que já tinha sido provocada pelo vulcanismo”, referem os cientistas no estudo.

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